terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A LIBERDADE EXISTE?



Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas


  O filósofo alemão Kant brincou com a idéia da liberdade do pássaro, imaginando uma pomba ágil, indignada contra a resistência do ar que a impedia de voar mais depressa. Na verdade, é justamente essa resistência que lhe serve de suporte, pois seria impossível voar no vácuo. Se o vôo livre do pássaro é uma ilusão, da mesma forma podemos dizer que incorremos em engano semelhante ao nos considerarmos capazes de liberdade absoluta. Analisemos: a partir do princípio do determinismo, tudo que existe no mundo está sujeito à lei da casualidade. A ciência só é possível porque o conhecimento da relação necessária entre causa e efeito - isto é, o conhecimento dos determinismos naturais - leva à descoberta das leis da natureza e permite que sejam feitas previsões e desenvolvidas técnicas.

  Não há como negar que também o ser humano se acha preso a determinismos: tem um corpo sujeito às leis da física e da química, é um ser vivo que pode ser compreendido pela biologia. Por isso, já no século XVIII, os matemáticos franceses D' Holbach e La Mettrie reduziam os atos humanos a elos de uma cadeia causal universal. Já, no século XIX, o filósofo francês Taine, discípulo direto de Augusto Comte, afrimava que não somos livres, mas determinados pelo momento, pelo meio e pela raça. Essa concepção influenciou os intelectuais daquele século, inclusive a literatura naturalista. No Brasil, quem ler O Cortiço e/ou Mulato, de Aluísio Azevedo, identificará as forças incontroláveis do meio e da raça agindo de forma inexorável no comportamento das pessoas.

  Herdeiros dessa visão determinista, Watson e Skinner, psicólogos contemporâneos da corrente comportamentalista, admitem que o ser humano tem a ilusão de ser livre, mas na verdade apenas desconhece as causas que atuam sobre ele. A ciência do comportamento conheceria de tal forma as motivações, que seria possível prever e portanto planejar o comportamento humano. Concluindo, além dos determinismos psicológicos, podemos acrescentar os culturais: ao nascer, encontramos um mundo já constituído e recebemos como herança a moral, a religião, a organização social e política, a língua, enfim, os costumes que de certa forma moldam nossa maneira de sentir e pensar. Então, a liberdade existe?

HÁBITOS – UM MECANISMO NEURAL E PSICOLÓGICO COMPLEXO E DIFÍCIL DE MUDAR

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