
- A VERDADEIRA HISTÓRIA -
Era uma vez três porquinhos: Heitor, Cícero e Prático.
O primeiro porquinho, ao contrário dos outros, tinha sobrenome, Jorge Lau. Cursava MBA em Gestão de Recursos Humanos e dedicava-se muito aos estudos. Com a constante falta de dinheiro no banco sua casa não era lá estas coisas. Casebre frágil, todinho de papelão.
Já Cícero, construíra um chalé. Não se tratava de madeira nobríssima, afinal, era tábua recolhida de tudo quanto era canto da cidade. Mas resistia bravamente às longas estações das chuvas.
Prático, por outro lado, conhecia o gerente da Caixa Econômica Federal. Daí, entre ser amigo do “ome” e conseguir um empréstimo foi coisa pouca. Resultado, uma bela e imponente casa de alvenaria com 100m². Erguida tijolo por tijolo, diga-se de passagem, maciço, com direito a reboco e telha de barro. Porquinho sabido, adivinha de que cor pintou a residência? Azul e branco, as cores da Caixa.
Mas, foi numa bela-feia, quente-fria, ensolarada-nublada e seca-úmida manhã que apareceu uma criatura para atormentar o sossego sossegado da “porcaiada”. Um tal de lobo-mau. O cara era mau mesmo, tanto que já havia abominado a pacata e serena vida do Chapeuzinho Vermelho e sua Vovozinha.
Mais tarde, descobriu-se que o Lobo bobo encheu o saco das duas porque eram filiadas ao PT. Não era para menos, o lobão havia sido assessor do ex-presidente FHC e as pobres atazanadas deram muita bandeira com aquela capa vermelha da netinha desavisada. Há tempos a Polícia Federal, a mando do ex-presidente, vinha investigando as iniciais CV, pintadas na caixinha de correspondências das apoquentadas. Triste confusão. Confundiram CV, de Chapeuzinho Vermelho, com Comando Vermelho. E foi aí que o barraco se armou, mas isso é pano para outra manga.
O Lobão, corretor da Caixa, resolveu ganhar uma grana em cima da venda de seguro contra vendaval, fenômeno muito comum na região. E, voilà, descobriu que Heitor, Cícero e Prático não possuíam seguro de qualquer espécie.
Ansioso pela grana fácil, o Canis Lupus não quis esperar pelo próximo vento tempestuoso para faturar. Foi à luta um dia após a brilhante idéia ter brotado em sua mente maligna.
Dirigiu-se à casa de Prático e tentou passar o maior “lero” no porquinho desprevenido. Mas, suíno esperto, não caiu na conversa lobística do cara. Então, o mal sucedido vendedor de seguros postou-se diante da morada e soprou até os bofes saírem pra fora. Resultado, não moveu uma palha, ou melhor, um tijolo.
Raivoso, dirigiu-se ao chalé do irmão menos abastado e alçou mão de toda verbosidade acumulada em seu vocabulário. Para tristeza do corretor, Cícero também não levou muito a sério a fala melíflua do peludo. Indignado com o suposto cliente, mais uma vez, colocou-se a expirar uma ventania sobre o amontoado de tábuas com o maior bafo de alho da pizza que comera na noite anterior. Resultado, uma tremenda falta de ar nos exauridos pulmões da criatura. O que ele não sabia era que o porquinho havia utilizado parafusos ao invés de pregos para montar o domicílio.
Bem, só restava um último otário a cair no golpe diabólico. O paupérrimo Heitor. No exato momento em que o acadêmico preparava-se para fazer um trabalho para a aula de segunda à noite: toc, toc, toc. Quem seria aquela hora? Ao abrir a porta, uma surpresa. O devorador de vovozinhas, completamente sem fôlego, defere um boooooooooooooa noiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiite, cheio de más intenções.
Pois, para a surpresa do visitante mal-intencionado, Heitor pronuncia alegremente: - Senhor Lobão, ótimo aparecer por aqui, preciso urgentemente comprar um seguro.
O cachorrão uivento quase caiu de costas ao ouvir tal exclamação. É hoje, mentalizou num piscar de olhos.
Após as devidas cordialidades e inúmeras explicações a papelada foi deixada a mercê do provável futuro segurado. Afinal de contas, o negócio estava no papo e bastava uma leitura à luz de velas nas infinitas linhas redigidas em fonte tamanho cinco por longas e intermináveis 15 páginas do documento.
Combinaram que toda aquela celulose sólida seria entregue na manhã seguinte, preenchida e assinada, é claro, diretamente na seguradora. Dito e feito. Promessa cumprida. Agora era só aguardar a próxima rebeldia de São Pedro e mandar ver.
Sorte do estudante!!! Não é que no outro dia um vendaval para matilha de lobo-mau-sopradores nenhum botar defeito recaiu sobre a localidade. Bom, não havia super-bonder suficiente para remontar a casa de papelão.
Chegada a hora da retirada do valor do seguro, uma surpresa: o anexo contendo a adesão voluntária, manuscrita a punho pelo agora denominado “sem teto”, estava ilegível e indecifrável. Tamanha euforia do Lobo Mau que a papelada toda tinha sido arquivada sem qualquer revisão, ou melhor, o que interessava mesmo era a assinatura do engambelado.
No exato momento de redigir o termo de adesão, o confuso suíno acabara de encerrar seus estudos sobre conjugação verbal. Ao tentar expressar sua concordância com as diretivas do contrato, o zonzo não sabia se escrevia: eu concordo no presente, eu concordei no pretérito perfeito, eu concordara no pretérito mais-que-perfeito ou se concordava no pretérito imperfeito.
A garatujada foi tanta que se tornou impossível perceber o significado daquela engrola toda. Coitado do infortunado: ficou sem dinheiro, sem barraco e sem jeito.
Moral da história: Mais vale ter um português perfeito do que um seguro mal feito.
V O L T E I !!!!
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