quarta-feira, 15 de junho de 2011

O LADO PRIMITIVO DO HUMANO

Por Heitor Jorge Lau

Bem, misturando o ambiente errado com a influência inadequada, teremos inevitavelmente, a receita da capacidade do homem de abandonar sua humanidade na medida em que ele funde sua personalidade única nas estruturas institucionais defeituosas. Talvez esse seja o defeito fatal com que a natureza nos dotou e que em longo prazo dá a nossa espécie apenas uma modesta chance de sobrevivência.

Pessimismo ou não, basta resgatar a teoria da evolução de Charles Darwin que afirma que os seres humanos compartilham uma descendência comum com os mais primitivos dos animais. Esta herança aplica-se tanto ao cérebro humano, o berço da razão e da sensação, quanto a qualquer outra parte de nossa estrutura física e psicológica. Mas como estamos analisando comportamento ignoremos do “pescoço para baixo”.

A ciência comprovou a existência de duas partes importantes do nosso cérebro: o paleocórtex e neocórtex. O paleocórtex ou sistema límbico, é uma estrutura cerebral que se desenvolveu posteriormente e que governa a expressão das emoções. O neocórtex ou massa cinzenta é que distingue o homem dos outros animais. É justamente o neocórtex que permite o raciocínio lógico, o uso da linguagem complexa e a quebra das barreiras da evolução biológica.

O homem herda algo mais do que genes, ele herda também as culturas complexas que ele mesmo cria. Naturalmente, existe um certo grau de intercomunicação entre as duas partes, mesmo assim todas elas têm suas funções separadas e nenhuma tentativa de explicar a natureza humana pode ser bem-sucedida se não levarmos em conta essas diferenças.

O desenvolvimento do neocórtex tornou possíveis as funções inter-relacionadas do raciocínio e da linguagem, mas como derivam de uma estrutura posterior, separada, o raciocínio e a linguagem têm pouco poder sobre o sistema límbico do paleocórtex e as emoções que ele governa. Esta pode ser a causa mais provável de nosso elenco desesperado ter migrado do imaginário moral e eticamente correto para um mundo onde a luta pela sobrevivência é mister. (Por isso que ainda somos meio símios em determinados aspectos da vida).

Questões como: Somente situações extremas fazem aflorar nossos instintos mais primitivos? - ou - Será que somos selvagens em nosso cotidiano de forma institucionalizada? Resta refletir sobre estas e outras tantas situações que assolam nosso desenvolvimento social. Quem sabe um dia as pessoas passem de candidatos à categoria efetiva de seres humanos, na verdadeira concepção da palavra.

“Não existe arte mais difícil que a de viver. Porque para as demais artes e ciências há mestres por toda parte. Até os jovens acreditam haver aprendido essas artes de tal maneira que podem ensiná-las a outros: durante a vida inteira a criatura tem que continuar aprendendo a viver e, coisa que surpreenderá ainda mais, tem , durante a vida inteira, que aprender a morrer.”

Sênega

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