sexta-feira, 28 de maio de 2021
sexta-feira, 7 de maio de 2021
O Tempo e o Espaço. O tempo existe? O Tempo Passa?
Nada é mais familiar do que a passagem do tempo. “Aproveite seu dia! ”, dizem, pois “o que está aqui hoje vai acabar amanhã”. Apesar de realmente parecer que o tempo se move para a frente, não está claro como isso acontece, porque o tempo não é um objeto físico ou uma coisa: ele não existe primeiro em um lugar, depois em outro. Mas, então, em que sentido, exatamente, ele se move? Na verdade, se estivesse realmente se movendo, seria possível ter a capacidade de dizer a que velocidade. Daria para pensar que os relógios medem esse ritmo, mas não é bem assim. O que o relógio mede, na verdade, não é o tempo, mas como algumas coisas físicas estão correlacionadas com outras coisas físicas. Alguém olha para o relógio e observa que ele marca 13h13, depois olha novamente e observa 13h15.
Essas duas visualizações estão correlacionadas com as duas leituras, aparentemente medindo dois minutos de tempo. Mas agora, entre essas duas olhadas tudo no Universo acelerou ao mesmo tempo, incluindo a atividade cerebral, os pensamentos e as sensações, além dos mecanismos do relógio. Essas duas olhadas ainda estariam correlacionadas com as duas leituras, mas menos de dois minutos teriam se passado – e nunca se notaria a diferença. Então, o relógio não estaria medindo realmente o tempo! Se alguém quiser na verdade imaginar o tempo se movendo, diferente de todas as coisas físicas, deve imaginar o universo inteiramente vazio de todas as coisas físicas e perguntar se o tempo ainda fluiria. Novamente, é tentador responder que sim, porém, nesta hipótese o universo é vazio, ou seja, não há nada nele. Mas se realmente não há nada, então nada pode estar acontecendo, nada pode estar ocorrendo e nada pode se mover. “O tempo voa”, dizem, “quando estamos nos divertindo”. Divertir-se não pode fazer que o tempo passe mais rápido, se o tempo não está passando de jeito algum.
Diferente de um “rio que corre”, o tempo não se comporta da forma como é percebido. Passado, presente e futuro existem simultaneamente, mas em dimensões diferentes. Esse é o fundamento por trás do conceito do Bloco Universal, defendido pelo professor associado de filosofia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Bradford Skow. Em seu livro Objective Becoming, Skow detalha essa visão, que defende que tempo deve ser considerado como uma dimensão do espaço-tempo, como sustenta a teoria da relatividade. Dessa maneira, ele não “passa”, mas faz parte do tecido maior do universo – ao invés de ser algo que se move dentro dele. “A teoria do universo em bloco diz que você se espalha pelo tempo, da mesma maneira como se espalha no espaço”, explica Skow. “Não estamos localizados em um único momento”. Ou seja, eventos ocorrem, pessoas envelhecem e assim por diante. “As coisas mudam”, afirma o professor de filosofia. Mas o passado não “desaparece”, ele simplesmente existe em diferentes partes do espaço-tempo. .
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Psicótico - A Face da Personalidade Psicótica
É possível esperar um grau ainda maior de grandiosidade, seja manifesta ou latente, da personalidade psicopática. Todas as personalidades psicopáticas se consideram superiores as outras pessoas e mostram um grau de arrogância que beira o desprezo pela humanidade. Tal como os outros narcisistas, também elas negam seus sentimentos. Particularmente característica das personalidades psicopáticas é a tendência para "transformar em atos", frequentemente de um modo antissocial. Elas mentirão, fraudarão, roubarão, até matarão, sem qualquer indício de culpa ou remorso. Esta ausência extrema de sentimento pelos seus semelhantes torna as personalidades psicopáticas muito difíceis de tratar.
O termo "transformar em atos" descreve um tipo impulsivo de comportamento que ignora os sentimentos de outras pessoas e é geralmente destrutivo para os melhores interesses do self. Teoricamente, os impulsos subjacentes neste comportamento possuem sua gênese nas experiências no começo da infância que foram tão traumáticas e esmagadoras e que não puderam ser integradas no Ego em desenvolvimento. Em consequência disso, os sentimentos associados a esses impulsos estão além da percepção do Ego. Portanto, a ação é concretizada sem qualquer sentimento consciente.
O homicídio a sangue-frio é um exemplo extremo de uma transformação psicopática em atos. Mas a transformação em atos per se não está limitada ao comportamento antissocial. O alcoolismo, a toxicomania e o comportamento sexual promíscuo podem ser considerados outras de suas formas. A transformação em atos não está, contudo, limitada a personalidade psicopática. Teoricamente, características narcisistas e personalidade de fronteira "transformam-se em atos". Mas há uma diferença: a transformação em atos do psicopata, comparada com a dos distúrbios de caráter narcisista ou de fronteira, é mais comumente antissocial e usualmente de longa duração. As diferenças são uma questão mais de grau do que de gênero.
Como as personalidades psicopáticas representam um extremo, elas fornecem muitos insights sobre a natureza do narcisismo. Não só retratam em nítido relevo a tendência dos narcisistas para transformar em atos (o que, em outros casos, é menos antissocial), mas, também projetam luz sobre a grandiosidade subjacente dos narcisistas. E significativo, por exemplo, que os caracteres narcisistas e as personalidades psicopáticas mostrem uma necessidade de satisfação imediata, uma incapacidade para conter o desejo ou tolerar a frustração. É possível encarar essa fraqueza como uma expressão de infantilismo na personalidade, mas isso tem um significado e uma origem diferentes, refletindo o senso deficiente do self. Cumpre recordar que em outros aspectos — a saber, em sua capacidade para manipular pessoas, organizar e promover planos e atrair seguidores — os caracteres narcisistas e as personalidades psicopáticas são tudo, menos infantis.
quarta-feira, 5 de maio de 2021
Narcisismo versus Histeria
O padrão de comportamento neurótico - em qualquer época em particular - reflete a ação de forças culturais. No período vitoriano, por exemplo, a neurose típica era a histeria, cuja reação histérica resultaria do recalque da excitação sexual. Assumia a forma de uma explosão emocional, que irrompia através das forças repressivas e assoberbava o ego. A pessoa, então, chorava ou gritava incontrolavelmente. Contudo, se as forças repressivas mantinham o seu domínio, sufocando qualquer expressão de sentimento, a pessoa poderia, em vez disso, desmaiar, como acontecia a tantas mulheres vitorianas quando expostas a alguma manifestação pública de sexualidade. Em outros casos, a tentativa de reprimir uma experiência sexual precoce, simultaneamente com o sentimento sexual, produzia o que se chama um sintoma de conversão. Neste caso, a pessoa manifestava alguma perturbação funcional, como paralisia, embora nenhuma base física possa ser encontrada para tal. Foi através de seu trabalho com pacientes histéricos que Sigmund Freud começou a desenvolver a psicanálise e seu pensamento acerca da neurose. Entretanto, é importante não esquecer o contexto da sociedade em que suas observações foram feitas.
A cultura vitoriana caracterizava-se por uma rígida estrutura de classes. A moralidade sexual e o excessivo recato sexual eram os padrões reconhecidos, sendo a austeridade, a compostura e a submissão as atitudes aceitas. As maneiras de falar e vestir eram cuidadosamente controladas e vigiadas, sobretudo na sociedade burguesa: as mulheres usavam espartilhos bem apertados e os homens colarinhos duros. O respeito pela autoridade era a ordem estabelecida. O efeito disso tudo era fazer com que muitas pessoas desenvolvessem um superego severo e rígido, o qual limitava a expressão sexual e criava culpa e ansiedade intensas a respeito do sentimento sexual.
Atualmente, depois de muito tempo decorrido, o quadro cultural fez um giro de quase 180 graus (ou seria 360 graus). A cultura vigente é marcada por uma desintegração da autoridade dentro e fora do lar. Os hábitos sexuais parecem muito mais soltos e condescendentes. A capacidade das pessoas para mudarem de um parceiro sexual para outro avizinha-se de sua capacidade física de mudança de um lugar para outro. O recato sexual foi substituído pelo exibicionismo (e a pornografia). Por vezes, fica a vontade de perguntar se existirá qualquer padrão aceitável de moralidade sexual. Em todo o caso, é perceptível a existência de menos pessoas sofrendo de um sentimento consciente de culpa ou ansiedade acerca de sexo. Pelo contrário, muitas pessoas queixam-se de sua incapacidade para funcionar sexualmente ou do temor de fracassarem no desempenho sexual.
É claro que esta é uma comparação muito esquemática entre os tempos vitorianos e os modernos. Entretanto, pode servir para sublinhar o contraste entre os neuróticos histéricos da época de Freud e as personalidades narcisistas da atualidade. Por exemplo, os narcisistas não sofrem de um superego severo e rígido. Muito pelo contrário. Eles parecem carecer do que poderia ser considerado até um superego normal, fornecendo alguns limites morais ao comportamento sexual e a outros. Sem um senso de limites, eles tendem a "transformar em atos" os seus impulsos. Há uma ausência de moderação em suas reações às pessoas e situações. Nem se sentem coibidos pelo costume ou a moda. Veem-se como indivíduos livres para criar seus próprios estilos de vida, sem regras sociais. Também neste caso, o inverso dos histéricos da época de Freud.
Não é somente o quadro comportamental que revela o contraste; uma oposição semelhante existe ao nível de sentimento. Os histéricos são frequentemente descritos como hipersensíveis, como indivíduos que exageram seus sentimentos. Os narcisistas, por outro lado, minimizam seus sentimentos, almejam ser "frios". Os histéricos parecem vergados ao peso de um sentimento de culpa, do qual os narcisistas parecem aliviados.
A predisposição narcisista é para a depressão, para uma sensação de vazio ou de ausência de sentimento, ao passo que a histeria a predisposição é para a ansiedade. Na histeria há um medo mais ou menos consciente de ser derrotado pelo sentimento; no narcisismo, esse medo é predominantemente inconsciente. Mas estas são distinções teóricas. Observa-se amiúde um misto de ansiedade e depressão por estarem presentes elementos tanto da histeria quanto do narcisismo. Isto é especialmente verdadeiro na personalidade de fronteira, uma variedade do distúrbio narcisista.
A cultura vitoriana favoreceu sentimentos fortes, mas impôs restrições definidas e maciças à sua expressão, sobretudo na área da sexualidade. Isso parece ter culminado em histeria. A cultura atual impõe relativamente menos restrições ao comportamento, encorajando inclusive a "transformação em atos" de impulsos sexuais em nome da liberação, mas minimizando a importância do sentimento. O resultado é o narcisismo. É possível afirmar que a cultura vitoriana enfatizou o amor sem sexo, ao passo que a presente cultura enfatiza o sexo sem amor. Levando em conta o fato de que estas afirmações constituem amplas generalizações, elas colocam em foco, no entanto, o problema central do narcisismo: a negação de sentimento e sua relação com uma ausência de limites. O que sobressai hoje é uma tendência de considerar os limites como restrições desnecessárias ao potencial humano. Os negócios são conduzidos como se não existisse um limite ao crescimento econômico, e até na ciência já se fala (ou se almeja) a ideia de que é possível driblar a morte, isto é, transformar a natureza à própria imagem. Poder, desempenho e produtividade tornaram-se os valores dominantes, desalojando virtudes obsoletas como dignidade, integridade e respeito próprio.
terça-feira, 4 de maio de 2021
O Narcisismo
O narcisismo descreve uma condição psicológica e uma condição cultural. Em nível individual, indica uma perturbação da personalidade caracterizada por um investimento exagerado na imagem da própria pessoa à custa do self. Os narcisistas estão mais preocupados com o modo como se apresentam do que com o que sentem. De fato, eles negam quaisquer sentimentos que contradigam a imagem que procuram apresentar. Agindo sem sentimento, tendem a ser sedutores e ardilosos, empenhando-se na obtenção de poder e de controle. São egoístas, concentrados em seus próprios interesses, mas carentes dos verdadeiros valores do self — notadamente, autoexpressão, serenidade, dignidade e integridade. Aos narcisistas falta um sentimento do self derivado de sensações corporais. Sem um sólido sentimento do self, vivem a vida como algo vazio e destituído de significado. É um estado de desolação. Em nível cultural, o narcisismo pode ser considerado como perda de valores humanos — uma ausência de interesse pelo meio ambiente, pela qualidade de vida, pelos seres humanos - seus semelhantes.
Uma sociedade que sacrifica o meio ambiente natural em nome do lucro e do poder revela sua insensibilidade em face das necessidades humanas. A proliferação de coisas materiais converte-se em medida de progresso na vida, e o homem é oposto à mulher, o trabalhador ao patrão, o indivíduo à comunidade. Quando a riqueza ocupa uma posição mais elevada do que a sabedoria, quando a notoriedade é mais admirada do que a dignidade, quando o êxito é mais importante de que o respeito por si mesmo, a própria cultura sobrevaloriza a "imagem" e deve ser considerada narcisista. O narcisismo do indivíduo corre a par com o da cultura. A cultura é modelada de acordo com a imagem do indivíduo e, por sua vez, a sociedade é modelada por essa cultura. É possível entender uma sem compreender a outra? Pode a psicologia ignorar a sociologia, ou vice-versa?
As neuroses de antigamente, representadas por culpas, ansiedades, fobias ou obsessões incapacitadoras, não, são comumente vistas hoje em dia. Pelo contrário, mais pessoas se queixam de depressão; elas descrevem uma ausência de sentimento, um vazio interior, uma sensação profunda de frustração e de insatisfação com o que lograram realizar na vida. Muitas delas são bem-sucedidas em seu trabalho, o que sugere uma divisão entre o que realizam no mundo e o que vai em seu íntimo. O que parece algo estranho é uma relativa ausência de ansiedade e culpa, apesar da seriedade do distúrbio. Essa ausência de ansiedade e culpa, conjugada com a ausência de sentimento, gera uma impressão de irrealidade em torno dessas pessoas. Seu desempenho — social, sexual e profissional — parece eficiente demais, mecânico demais, perfeito demais para ser humano. Elas funcionam mais como máquinas do que como pessoas. Os narcisistas podem ser identificados por sua falta das melhores qualidades humanas: ternura, compaixão, solidariedade. Não sentem a tragédia de uma vida consumida tentando provar seu valor a um mundo indiferente. Quando a fachada narcisista de superioridade e singularidade desmorona, permitindo que a sensação de perda e tristeza se torne consciente, é frequentemente tarde demais.
O narcisismo denota um grau de irrealidade no indivíduo e na cultura. A irrealidade não é apenas neurótica, ela toca as raias da psicose. Existe algo de loucura num padrão de comportamento que coloca a ambição de êxito acima da necessidade de amar e ser amado. Há algo de loucura numa pessoa que não está em contato com a realidade de seu ser — o corpo e suas sensações. E existe algo de loucura numa cultura que polui o ar, as águas e a terra em nome de um padrão de vida "mais elevado". Mas, pode uma cultura ser insana? A loucura é vista como o estigma de um indivíduo que está alienado da realidade de sua cultura. Por este critério (o qual possui sua validade), o narcisista bem-sucedido está longe de ser louco. A menos, é claro, que exista alguma insanidade na própria cultura. A atividade frenética das pessoas nas grandes cidades — pessoas que estão tentando ganhar mais dinheiro, conquistar mais poder, ir em frente —é como uma ponta de loucura. Não é o frenesi um sinal de loucura?
Para entender a insanidade embutida no narcisismo, é necessária uma visão mais ampla, não-técnica, dos problemas de personalidade. Quando o ruído na cidade, por exemplo, é suficiente para "enlouquecer" qualquer mortal, está se falando numa linguagem que é real, humana e significativa. Quando se descreve alguém como "um tanto louco", se está expressando uma verdade não encontrada na literatura psiquiátrica. É preciso compreender as causas culturais que criam o problema e os fatores na personalidade humana que predispõem o indivíduo para esse problema. E cumpre-nos saber o que é ser humano, se quisermos evitar tornar-nos narcisistas.
O tratamento de pacientes narcisistas tenta resgatar ou estabelecer contato com seus corpos, a recuperar seus sentimentos suprimidos e a reaver sua humanidade perdida. Tal abordagem implica trabalhar para reduzir as tensões e a rigidez musculares que refreiam os sentimentos da pessoa. Mas nunca as técnicas específicas para tal devem ser consideradas como o processo mais importante. A chave para a terapia é a compreensão. Sem compreensão, nenhuma abordagem ou técnica terapêutica é significativa ou eficaz em nível profundo. Somente com compreensão é possível oferecer real ajuda. Todos os pacientes buscam desesperadamente alguém que os compreenda. Quando crianças, não foram compreendidos por seus pais; não foram vistos como indivíduos dotados de sentimentos nem tratados com respeito por sua condição humana. Um terapeuta que não discirna a dor em seus pacientes, que não perceba o seu medo e ignore a intensidade da luta que travam para conservarem sua sanidade, numa situação familiar suscetível de levá-los à loucura, não poderá ajudar eficazmente os pacientes a resolverem o distúrbio narcisista.
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