domingo, 12 de novembro de 2023

MÍDIAS SOCIAIS: INTELIGÊNCIA LADEIRA ABAIXO


 REDES SOCIAIS – A RECEITA PARA ALIENAR CÉREBROS DESATENTOS

Um estudo realizado há mais de uma década por uma renomada instituição norte-americana alertara na época que o Facebook e Twitter (principalmente, e agora Instagram e Tik Tok) teriam a potencialidade de viciar o internauta, muito maior do que as drogas lícitas. É importante ressaltar que até mesmo o próprio Steve Jobs, “pai” da Apple, nunca permitiu que os seus filhos tivessem contato demasiado com tais tecnologias (e outras) porque afirmara que as redes sociais poderiam afetar os mais jovens com maior intensidade e facilidade (no entanto, parece que este detalhe se estendeu a todas as faixas etárias). Entre as causas mais contundentes da dependência das redes sociais estão: a baixíssima autoestima, a insatisfação pessoal, a depressão e, inclusive, a falta de afeto, carência que muitas vezes os internautas procuram preencher com os “famosos” likes. O fato é que as pessoas buscam compulsivamente nas redes sociais um experimentar intenso e uma sensação de satisfação que, no entanto, pode ser contraproducente uma vez que geram, ao longo do tempo, a dependência emocional da opinião dos outros. A verdade é que - diante do parecer técnico de muitos especialistas - o uso das redes sociais pode acarretar em dependências acompanhadas de suas preocupantes consequências: distanciamento da vida real, distanciamento das relações familiares, depressão, ansiedade, isolamento, irritabilidade, perda de controle sobre a própria existência … Quanto menor a faixa etária do internauta maior o risco de “cair” na dependência. Os motivos determinantes são: tendência para a impulsividade, necessidade de ter influência social ampla e expansiva e, finalmente, a necessidade de reafirmar a identidade de grupo. A permanência excessiva nas redes sociais debilita, indiscutivelmente, os laços que unem os seres humanos.

quem categorize como sinais mais comuns do dependente das redes: estresse diante da ausência de acesso à internet; nervosismo quando o sinal de acesso à internet não funciona ou encontra-se mais lento do que o normal; ímpeto incontrolável de dar aquela olhadinha nas redes sociais a todo instante; inquietude caso o celular não estiver ao alcance da mão; ansiedade ao ouvir o “plim” no celular; caminhar utilizando as redes sociais (já presenciei gente caindo na calçada); mal-estar e desespero se não receber likes, retweets ou visualizações; uso das redes sociais ao dirigir (prática comum); necessidade irresistível de publicar qualquer coisa da vida diária (vou ao banho, tomando café, dor de cabeça, fazendo xixi... tá loko!); perceber a vida dos outros como melhor do que a própria; ir na academia e não largar – NÃO LARGAR – o celular durante os exercícios (eis algo irritante porque a pessoa passa mais tempo no telefone do que se exercitando – e “monopolizando” o aparelho). Enfim, a lista vai longe...e ter paciência deixou de ser uma virtude. Passou a ser uma necessidade! Perder a noção do tempo e deixar tarefas de lado é algo comum quando se está imerso no mundo digital e incontáveis vezes as pessoas acabam passando mais tempo em seus refúgios virtuais que na vida real. As redes sociais dominaram a mente de boa parte dos internautas provocando mudanças de hábitos que interferem diretamente no raciocínio, como por exemplo:

Estimular a compra compulsiva: as redes sociais são um prato cheio para captar consumidores dada a quantidade de tempo que os internautas permanecem conectadas, aumentando consideravelmente a possibilidade de caírem na compra compulsiva. Ampliação da necessidade da aprovação alheia: um número considerável de internautas utiliza as redes sociais na ânsia de encontrar algum tipo de validação social, ou seja, permanecem muito tempo conectados por sentirem a necessidade constante de aprovação alheia. Insatisfação com a própria vida: ninguém publica momentos ruins da própria vida para o mundo ver. Logo, permanecer tempo demais logado nas redes sociais pode gerar a sensação de que todos estão vivendo muito bem, aproveitando a vida (“menos eu”). Queda do nível de atenção mental: não é segredo que qualquer mínima notificação de celular chama a atenção instantaneamente. Acostumados à presença e à comodidade dos aparelhos eletrônicos, a atenção se volta para eles tão logo emitam a menor vibração. Desta forma, o cérebro se programa para atender ao estímulo produzido pelo celular, e retira o foco de atenção de quaisquer outras atividades que se esteja desempenhando. Perda da independência do pensamento: dentre os danos causados pelas redes sociais, um recorrente é o “efeito manada”. O instinto humano de ser aceito é algo inconsciente e, portanto, praticamente inevitável. E se na vida social muitos são levados a se comportar como os demais – seja para se sentir aceito e acolhido, ou para não “destoar” ou parecer estranho perante os outros – imagine essa mesma pressão no mundo virtual, onde a “manada” é exponencialmente maior e a competição por atenção chega a ser cruel. Diversidade de interpretações: este efeito pode ser percebido na redução da capacidade de pensar por si próprio. Basta notar a quantidade de haters dissimulando ódio gratuitamente. E pior: o tamanho da influência que essas pessoas exercem no meio virtual.

Zygmunt Bauman, lembram? O sociólogo antecipou a crise das relações no seu famoso livro “Amor Líquido”, muito antes do uso insano e desenfreado das redes. O conteúdo representa o quanto as relações e os vínculos afetivos tornam-se descartáveis, facilmente substituíveis e dispersos. A impressão é que tudo acaba em curtir, compartilhar, seguir de volta, acumular, bloquear e silenciar seguidores. Interessante perceber que os usuários possuem muitos, muitos amigos, centenas, milhares de amigos nas redes. Aham! Sim! Claro! “Com certeza!”. Viver on-line é “maravilhoso” pelas possibilidades (aparentes) sem fronteira. Entretanto, na vida real, o cenário e os “atores” são outros. A dinâmica das redes sociais segue uma regra previsível: nem sempre o que está sendo publicado condiz com a realidade. Essa fragilidade é posta, sobretudo, no que diz respeito às relações interpessoais. Enfim, quem dera o cérebro pensasse mais do que os dedos e respondesse as seguintes questões: Afinal, as redes sociais aproximam ou afastam das “trocas reais”? Como essa superficialidade compromete a saúde mental?


 

 

 

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