terça-feira, 9 de novembro de 2010

O LOBO MAU E OS TRÊS PORQUINHOS


- A VERDADEIRA HISTÓRIA -

Era uma vez três porquinhos: Heitor, Cícero e Prático.

O primeiro porquinho, ao contrário dos outros, tinha sobrenome, Jorge Lau. Cursava MBA em Gestão de Recursos Humanos e dedicava-se muito aos estudos. Com a constante falta de dinheiro no banco sua casa não era lá estas coisas. Casebre frágil, todinho de papelão.

Já Cícero, construíra um chalé. Não se tratava de madeira nobríssima, afinal, era tábua recolhida de tudo quanto era canto da cidade. Mas resistia bravamente às longas estações das chuvas.

Prático, por outro lado, conhecia o gerente da Caixa Econômica Federal. Daí, entre ser amigo do “ome” e conseguir um empréstimo foi coisa pouca. Resultado, uma bela e imponente casa de alvenaria com 100m². Erguida tijolo por tijolo, diga-se de passagem, maciço, com direito a reboco e telha de barro. Porquinho sabido, adivinha de que cor pintou a residência? Azul e branco, as cores da Caixa.

Mas, foi numa bela-feia, quente-fria, ensolarada-nublada e seca-úmida manhã que apareceu uma criatura para atormentar o sossego sossegado da “porcaiada”. Um tal de lobo-mau. O cara era mau mesmo, tanto que já havia abominado a pacata e serena vida do Chapeuzinho Vermelho e sua Vovozinha.

Mais tarde, descobriu-se que o Lobo bobo encheu o saco das duas porque eram filiadas ao PT. Não era para menos, o lobão havia sido assessor do ex-presidente FHC e as pobres atazanadas deram muita bandeira com aquela capa vermelha da netinha desavisada. Há tempos a Polícia Federal, a mando do ex-presidente, vinha investigando as iniciais CV, pintadas na caixinha de correspondências das apoquentadas. Triste confusão. Confundiram CV, de Chapeuzinho Vermelho, com Comando Vermelho. E foi aí que o barraco se armou, mas isso é pano para outra manga.

O Lobão, corretor da Caixa, resolveu ganhar uma grana em cima da venda de seguro contra vendaval, fenômeno muito comum na região. E, voilà, descobriu que Heitor, Cícero e Prático não possuíam seguro de qualquer espécie.

Ansioso pela grana fácil, o Canis Lupus não quis esperar pelo próximo vento tempestuoso para faturar. Foi à luta um dia após a brilhante idéia ter brotado em sua mente maligna.

Dirigiu-se à casa de Prático e tentou passar o maior “lero” no porquinho desprevenido. Mas, suíno esperto, não caiu na conversa lobística do cara. Então, o mal sucedido vendedor de seguros postou-se diante da morada e soprou até os bofes saírem pra fora. Resultado, não moveu uma palha, ou melhor, um tijolo.

Raivoso, dirigiu-se ao chalé do irmão menos abastado e alçou mão de toda verbosidade acumulada em seu vocabulário. Para tristeza do corretor, Cícero também não levou muito a sério a fala melíflua do peludo. Indignado com o suposto cliente, mais uma vez, colocou-se a expirar uma ventania sobre o amontoado de tábuas com o maior bafo de alho da pizza que comera na noite anterior. Resultado, uma tremenda falta de ar nos exauridos pulmões da criatura. O que ele não sabia era que o porquinho havia utilizado parafusos ao invés de pregos para montar o domicílio.

Bem, só restava um último otário a cair no golpe diabólico. O paupérrimo Heitor. No exato momento em que o acadêmico preparava-se para fazer um trabalho para a aula de segunda à noite: toc, toc, toc. Quem seria aquela hora? Ao abrir a porta, uma surpresa. O devorador de vovozinhas, completamente sem fôlego, defere um boooooooooooooa noiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiite, cheio de más intenções.

Pois, para a surpresa do visitante mal-intencionado, Heitor pronuncia alegremente: - Senhor Lobão, ótimo aparecer por aqui, preciso urgentemente comprar um seguro.

O cachorrão uivento quase caiu de costas ao ouvir tal exclamação. É hoje, mentalizou num piscar de olhos.

Após as devidas cordialidades e inúmeras explicações a papelada foi deixada a mercê do provável futuro segurado. Afinal de contas, o negócio estava no papo e bastava uma leitura à luz de velas nas infinitas linhas redigidas em fonte tamanho cinco por longas e intermináveis 15 páginas do documento.

Combinaram que toda aquela celulose sólida seria entregue na manhã seguinte, preenchida e assinada, é claro, diretamente na seguradora. Dito e feito. Promessa cumprida. Agora era só aguardar a próxima rebeldia de São Pedro e mandar ver.

Sorte do estudante!!! Não é que no outro dia um vendaval para matilha de lobo-mau-sopradores nenhum botar defeito recaiu sobre a localidade. Bom, não havia super-bonder suficiente para remontar a casa de papelão.

Chegada a hora da retirada do valor do seguro, uma surpresa: o anexo contendo a adesão voluntária, manuscrita a punho pelo agora denominado “sem teto”, estava ilegível e indecifrável. Tamanha euforia do Lobo Mau que a papelada toda tinha sido arquivada sem qualquer revisão, ou melhor, o que interessava mesmo era a assinatura do engambelado.

No exato momento de redigir o termo de adesão, o confuso suíno acabara de encerrar seus estudos sobre conjugação verbal. Ao tentar expressar sua concordância com as diretivas do contrato, o zonzo não sabia se escrevia: eu concordo no presente, eu concordei no pretérito perfeito, eu concordara no pretérito mais-que-perfeito ou se concordava no pretérito imperfeito.

A garatujada foi tanta que se tornou impossível perceber o significado daquela engrola toda. Coitado do infortunado: ficou sem dinheiro, sem barraco e sem jeito.

Moral da história: Mais vale ter um português perfeito do que um seguro mal feito.

V O L T E I !!!!

sexta-feira, 26 de março de 2010

HERÓIS E HEROÍNAS DO SÉCULO DA INFORMAÇÃO

O mundo está doente!!! Não o Planeta Terra, os humanos que idolatram e tornam-se fãs das criaturas com o QI beirando a -1. Ontem à noite eu dediquei uma fração do meu precioso tempo de vida para assistir, ou melhor, resistir diante do televisor, vinte minutos do Big Brother. Faço uso de uma frase que veio até a minha mente neste exato momento: 'Jesus me abane!' A cada edição o nível cultural e intelectual dos astros do denominado Reality Show, despencam ladeira abaixo. Para a imensidão de telespectadores, que também não devem ter algo melhor para fazer na vida, isto passa de forma transparente, afinal, corpos sarados e, se possível, sacanagem é o mais importante. Ao ficar sabendo que o ídolo preferido da juventude não possui a mínima noção de como o HIV é transmitido é de arrepiar o cabelo... My God, como é possível admirar alguém que no ano de 2010 DC pense como um chimpanzé (os símios que me perdoem). Realmente, o mundo está perdido. O pior deste cenário macabro é saber que o principal articulador daquele programa sem qualquer valor social alega que as declarações proferidas pelos participantes é de inteira responsabilidade DELES. Qual o papel dos meios de comunicação??? Jogar porcaria no ventilador e deixar respingar para todos os lados. Gente, o mundo está doente!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

REVOLTA ESPACIAL


Hoje, durante aquele bate-papo rebelde entre amigos, conversávamos sobre o desperdício do dinheiro público no Brasil, no "País da Impunidade". Daí, lembrei do episódio Jornada nas Estrelas, mas não se trata da famosa série daquele Vulcano de orelhas pontudas, o Spok. Recordei a viagem ao espaço do primeiro astronauta brasileiro. Lembram? Pois é, não foi somente o emprego e o feijão nosso de cada dia que foi para o espaço. O dinheiro do contribuinte também. Quem não assistiu o astronauta brasileiro flutuando na estação espacial internacional? Enquanto todos aplaudiam a grande odisséia na via láctea, milhões de famintos babavam ao ver aquele pequeno grãozinho preto germinar num laboratório sideral. É uma pena que o governo federal não invista soma tão considerável nas lavouras do Brasil. Nada contra o herói flutuante, mas é notável como o congresso nacional sempre consegue verba para investimentos de prioridade zero ou melhor, gravidade zero. Diziam que a experiência traria grandes avanços tecnológicos à nossa agricultura. Algum terráqueo já percebeu como a sua vida mudou de lá para cá? Nãoooo? Talvez a intenção real da viagem era descobrir como mandar todo pobre para o espaço já que para o inferno não é possível, porque lá, a casa já está lotada de políticos corruptos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

PROGRAMAÇÃO TRASH


Ao que tudo indica, assistir a programação da televisão está se tornando a melhor ou única opção de lazer e fonte de conhecimento do povo brasileiro, mesmo que topar com informação crível e entretenimento saudável esteja cada vez mais difícil. Aparentemente, o fenômeno é estimulado por um modelo cultural proveniente do arrocho econômico, afinal, quem dispõe de dinheiro no bolso para usufruir de uma vida socialmente ativa ou comprar um bom livro?

Cientes ou não dessa situação, o fato é que os dirigentes das emissoras disputam entre si de uma fatia cada vez mais preciosa da audiência, através de uma programação banalizada por excesso de baixaria e qualidade duvidosa. Mas, independentemente da programação ou contexto social, a verdade é que a televisão sempre exerceu grande atração e influência sobre as pessoas. A maior prova disto são as tendências da moda, do vestuário e do cabelo, por exemplo, que oscila conforme a novela em voga.

Esse fascínio que a TV provoca na mente do telespectador faz surtir certa confusão entre o real e o imaginário. Aquilo que se encontra distante, seja por questões financeiras, geográficas ou intelectuais, parece mais acessível. A sensação é a de que o penteado “super-transado” da novela das oito fica no saloon mais próximo ou que o corpo perfeito do comercial das nove está na academia que todos freqüentam. São aspirações alucinadas que deturpam o raciocínio dos mais desatentos.

Até mesmo nos telejornais é visível o uso desenfreado da dramatização por parte dos apresentadores, a partir da utilização de dueto diante das câmeras – enquanto um fala outro fica atento aos fatos, sempre com expressão sisuda. Esse artifício adotado praticamente por todas as emissoras, nada mais é do que a tentativa de tornar mais realista a narrativa dos acontecimentos.

E se a ordem do momento é ser realista, então, a interatividade não poderia permanecer de fora do cenário, afinal, o que torna mais real uma circunstância do que a interação. O profissional sentado diante das inúmeras câmeras do estúdio estimula e convida, literalmente, o telespectador atento a participar de uma promoção, melhor ainda, a proferir sua opinião a respeito de determinado tema, preferencialmente polêmico. Eis aí o ingrediente perfeito: o prestígio.

Se na sociedade tal consideração não é encontrada com tanta facilidade, por intermédio de uma conexão telefônica ela torna-se instantânea. Até mesmo o noticiário esportivo não encontra mais espaço para retransmitir todos os gols da rodada anterior, porque falta tempo para conciliar tanta participação dos desportistas com a quantidade de bolas na rede. Noticiário, esporte, reality-show, não importa, a questão é cativar a atenção de quem passa pela frente do televisor.

Mas como se não bastasse o fato do meio de comunicação exagerar, de forma deliberada ou inconsciente, e pior, inconseqüente, da tentativa frenética de imitar a realidade e do abuso da interação, a falta de moralidade, de ética e civilidade também estão presentes. Principalmente nos comerciais publicitários está evidente o esquecimento momentâneo da moral e dos bons costumes em detrimento de um humor rançoso que anestesia o senso crítico do consumidor.

Indubitavelmente, a televisão sempre ocupou lugar de destaque entre os demais meios de comunicação por ser naturalmente uma forma extraordinária de transmissão de cultura e conhecimento. Porém, o que falta são profissionais sérios, dotados de senso crítico e responsabilidade para ocuparem o lugar destes que hoje estão aí, utilizando o recurso da pior forma possível. Assim, eles desmoralizam e ridicularizam os conteúdos porque, infelizmente, ainda existem consumidores.

Resta saber se a programação vigente configura-se sem restrição, fiscalização e, conseqüentemente, com pouca qualidade em decorrência de uma vasta legião de telespectadores submissos ou, na pior das hipóteses, desinteressada. Alguma atitude deve ser adotada, caso contrário, todos ficarão a mercê de uma programação que além de influenciar e viciar tem o poder impressionante de atrofiar a massa cinzenta de grande parte da nação.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Desabafo de um homem preservacionista.


Trabalho na zona urbana, mas há dois e meio optei por viver na zona rural. Na época, me parecia a forma mais fácil de fazer a minha parte com a questão preservacionista. Não estava confortável na posição de mais um parasita, consumindo os recursos do planeta e fazendo quase nada para preservar os recursos naturais, que pasmem, são esgotáveis.



Não posso dizer que consegui a paz de consciência desejada... O galo canta às cinco horas da manhã e, logo mais, a coruja anuncia mais uma noite que está por vir, mas as “COISAS” do cotidiano parecem que continuam as mesmas, ou melhor, as pessoas permanecem no seu estado de indiferença e estagnação. Pensam que a solução e o equilíbrio ambiental virão de alguma autoridade ou de Deus...



Por mais que eu queira me conformar com o modus operandis da sociedade atual com relação aos assuntos e acontecimentos da sociedade caótica do século XXI, não consigo apaziguar minha mente e adormeço todas às noites inquieto e preocupado por ver tão claramente que nossa civilização caminha para seu extermínio no planeta. Não entendo como alguns ainda planejam ter filhos...



Não quero o papel de profeta do apocalipse, mas os sinais são claros e podem ser analisados por qualquer mente crítica: chuvas torrenciais, frios extremos, ciclones inusitados. Nada disso, porém, parece afetar a consciência dos cidadãos globais de forma significativa. Continuamos na gana consumista como se os recursos fossem inesgotáveis! A maioria continua vivendo ou sobrevivendo como se o planeta não estivesse com seus dias contados. Aliás, é preciso me corrigir, o planeta já demonstrou que pode viver sem os humanos... a extinção então, refere-se a forma de vida humana da qual sou um dos representantes.



O descaso pela fauna e flora é o ápice da falta de prospecção lógica, intelectual e emocional de quase toda a totalidade da raça que se autodenomina humana. Caríssimos amigos e leitores deste blog, não se considerem inclusos nesta vala comum porque o simples fato de estarem navegando por estas paragens vocês já pertencem a outra “casta”... aquela que procura conhecimento, questionamento do status-quo, não fogem da controvérsia, opiniões diversas, gente insatisfeita... São estes que afinal, destoam da voz acomodada e, se não faz diferença signifigativa, ao menos incomoda aqueles que fingem não ver o que acontece.


Hoje, após bebericar alguns drinks e uma certa quantidade de cerveja, olhando a mata nativa que pago para preservar (tentando fazer a minha parte), encontro-me em estado de total revolta e repúdio pela falta de consideração e preocupação das criaturas que usufruem da vida (divina que Deus lhes deu), sem a mínima consideração pela nave mãe chamada Planeta Terra e seus habitantes das mais variadas espécies.


Moro há oito metros acima do nível do mar. Mesmo assim, na última segunda-feira, não consegui chegar na minha casa, 30 quilometros do local que trabalho... pois a chuvarada que abalou o Rio Grande do Sul em menos de 24 horas, tomou conta da estrada e isolou localidades, entre elas, o distrito onde moro. A chuva torrencial, além de invadir as estradas, inundaram as terras dos meus vizinhos e conhecidos e, hoje, após sete dias decorridos, tudo voltou ao normal. Veja bem, o normal significa queimadas, devastações das matas, lixo jogado nos rios e matas... A humanidade caminha para o fim porque o planeta, senhores, está nos expurgando como erva daninha!!! Salvo algumas consciências desgarradas, o restante pensa que tudo não passou de um deslize natural ocasionado pelo fenômeno El niña (como se este fosse produto da ira de Deus e não resultado da exploração da natureza).


“Jesus me abane!” O único consolo que me resta é o fato de eu ter feito e continuar tentando fazer a diferença. Cuido da fauna e flora que me circundam, dentro das minhas atuais condições econômicas, preservo a pureza da natureza e das águas em 5 hectares. Local que amo e dedico tempo e cuidado aos seres que possuem vida... incondicionalmente... Procuro esclarecer e difundir práticas consevacionistas entre meus vizinhos (evitar queimadas, preservar a mata nativa, nascentes dos rios, plantar árvores frutíferas para as aves silvestres... ). Mas não vou negar, a ignorância, a limitação de inteligência de alguns me tiram do sério... não colho resultados fartos. Posso concluir, que somente consigo resultados proveitosos naqueles que em sua essência, já pressentiam e tinham sensibilidade de que precisam proteger a natureza que tão generosamente tem lhes mantido na terra.


Perdoem meu sentimentalismo, mas amo demais este planeta para não sofrer com estes acontecimentos.


Créditos da Imagem: fotógrafo Nick Brandt

Texto: Heitor Jorge Lau

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

QUANDO O REAL É SOBREPUJADO PELO IMAGINÁRIO


O imaginário humano possui a capacidade extraordinária de tornar determinadas ocorrências suscetíveis a exageros e distorções. Esse processo é típico do homem, ser capaz de adulterar, moldar e certificar deliberadamente certos aspectos do factual, de acordo com sua visão, interpretação, sensibilidade, emoção e conveniência.

Mas a pergunta é: como seria a vida sem o extraordinário? É impressionante como o incomum parece provocar grande fascínio nas pessoas, a ponto de influir no seu modo de agir e pensar, transformando o excepcional em mito, crença e em determinados contextos em “verdadeiro”. É importante perceber que, não raramente, a ficção procura, até mesmo, justificar ou explicar a realidade.

A página preliminar do livro Pensar o somático: imaginário e patologia, de Sami-Ali contém uma epígrafe de Ibn Arabi (1164-1240) que diz o seguinte: “Nada seríamos, não fosse a imaginação”. A mensagem intrínseca na oração é relevante. Afinal, desde os tempos bíblicos o imaginário, segundo registros preservados, é uma constante. O caráter e as proporções que determinados relatos da época alcançaram delineiam a fé cristã há milhares de anos, por exemplo.

Cabe ressaltar que, neste momento, não existe qualquer motivo ou tentativa de pôr em dúvida ou adentrar no mérito da veracidade dos fatos. A exemplificação elencada almeja suscitar no leitor a reflexão sobre a potencialidade do imaginário. Deseja evidenciar que certos fenômenos e manifestações podem permanecer legitimados e certificados por meses, anos, milênios.

Todavia existem criações, originárias da mesma fase citada anteriormente, que perderam sua validade por não encontrar mais respaldo em um contexto mais moderno, mais intelectivo. Criaturas mitológicas como o Minotauro, por exemplo, foram imaginários que obtiveram sua valorização, sua veneração e respeitabilidade pelo medo dos castigos impostos por uma eventual desconsideração. Mas o ser humano evolui e parte daquilo que foi pertinente um dia deixa de ser noutro.

O homem ao nascer, independentemente do período histórico, apesar de dotado da capacidade de raciocinar, primeiramente imagina. O primeiro contato com os objetos, sons, odores é assimilado pelos sensores físicos, mas a significação não possui lógica ou comparação com alguma experiência vivenciada, portanto, não passa de pura imaginação. Pois é justamente este imaginário que constitui os sentidos e molda a gênese do mundo de cada vivente.

Afinal, se o imaginário já faz parte do indivíduo desde sua concepção, por que não é aceito com naturalidade por algumas pessoas? Quiçá, simplesmente pelo fato de o termo comportar certa confusão semântica desde sua origem. Numa acepção mais simplista, é compreendido como desvario e ausência de honestidade, ou seja, qualquer criação oriunda do imaginário é encarada com incredulidade e suspeição. Se o racional tem status de verdadeiro, a imaginação é produto do inconsistente.

Teorias à parte, o fato é que todo ser humano possui uma essência imperscrutável e o imaginário lhe pertence. É nesse universo insondável, repleto de segredos, que os dados e as informações do mundo físico são reprocessadas sob uma nova roupagem, um novo significado, onde o lobo vira lobisomem, o morcego transforma-se em vampiro, e a mula-sem-cabeça, que além da ausência da caixa craniana, ainda serve de protagonista de histórias assustadoras.

Mas o imaginário não aflora somente em relatos e lendas espantosas. A arte, de forma geral, é inspirada, sim, pela capacidade imaginativa do poeta, do compositor, do pintor, do escritor. Nela são encontradas todas as maneiras imaginativas de traduzir o já manifesto e compreendido, descritas de forma a atiçar a mente e o coração do homem que, além de racional é também emocional.

Os exemplos anteriores denotam a presença do imaginário como fomentador da imaginação. Essa consideração parece sem nexo ou redundante, mas aquele que lê, assiste ou ouve, aprecia e constrói o seu imaginário pessoal de acordo com a sua interpretação e conveniência. Conclui-se, então, que não há como negar: o imaginoso sempre esteve e sempre fará parte do cotidiano do homem, mesmo porque essa capacidade lhe é conferida naturalmente.

Assim, após uma explanação, mesmo que deveras sucinta sobre o tema imaginário, foi possível observar que o mundo real coexiste com o irreal explícito e suscitado e, por que não afirmar, ainda, que os dois necessariamente dependem um do outro porque a reflexão, tão necessária na humanidade, é instigada pela controvérsia. E, o imaginário quase sempre desperta a curiosidade e provoca a polêmica, a discussão.

Também, os produtos da imaginação possuem sentidos conotativos, por isso estão sujeitos à discriminação como sendo oriundos dos insanos ou loroteiros. Segundo Malebranche (apud DURAND, 1998, p. 10), a imaginação “é suspeita de ser a amante do erro e da falsidade”. Aqui se percebe que a subjetividade não é interpretada no sentido literal da palavra. O subjetivo é particular e indeterminável, portanto, deveria ser isento de crítica ou comparação, entretanto, muitas vezes não é.

Outro detalhe, talvez o mais importante, é que o imaginário não é restrito àquele que é dotado de maior capacidade intelectual ou cultural. Logo, qualquer um pode construir, usufruir e disseminar uma idéia oriunda da imaginação. Por isso, o imaginário tem a potencialidade de difundir as representações coletivas do povo como é o caso das lendas e histórias populares.

O imaginário, enquanto propriedade própria do ser humano, se entretece com o real por meio da criação metafórica do mundo numa reciprocidade da qual só de modo paulatino e por meio de uma gradual compreensão podem desprender-se como termos distintos. Portanto, a verdade é que o imaginário se tornou parte integrante e indissociável da elaboração de qualquer discurso proferido pelo homem e do qual não pode prescindir.

Os Bons Frutos da Leitura

A leitura não possui fronteiras para os benefícios que proporciona. Contêm, sim, horizontes infindáveis recheados de informações e curiosidades que precisam ser descobertos. Através da leitura, prática que proporciona o aprendizado e o entretenimento, o ser humano transforma-se em cidadão do mundo por tratar-se da forma mais eficiente de acesso ao conhecimento e cultura da humanidade. Moderno ou antiquado, conciso ou prolixo, literário ou didático, não importa, todo texto carrega consigo os saberes da mente que conduziu o bailado das letras durante a redação. E apropriar-se desse saber significa acrescentar um tempero à imaginação, quer dizer aprimorar a escrita, representa ter consciência das próprias limitações. E o que seria de uma civilização sem consciência? Eis o papel primordial e fundamental da leitura: formar o homem consciente. Sabedor de que ler é o rudimento da história da civilização, jamais superado por qualquer outra necessidade mais importante. São nos apontamentos, nos livros, nas revistas, enfim, é no folhear das páginas que o homem consegue vislumbrar o seguinte: se ele não é fragmento daquilo que já aconteceu num tempo muito distante, sem dúvida alguma, é fruto de tudo que já foi um dia.

O Poder das Palavras

É notório que o ser humano vive, atua e convive em sociedade. Logo, não é um ser isolado, ele participa de um sistema, onde age e reage, influi e é influenciado. E esta sinfonia de sensações é regida pela maestria das palavras. Por isso a pessoa somente se torna cada vez mais pessoa à medida que enriquece o seu vocabulário e toma plena consciência do mundo que a cerca. As palavras determinam ações, provocam reações, influenciam indivíduos e multidões. Uma palavra mesmo que se constitua apenas em dado e não em informação tem a capacidade de transmitir euforia ou tristeza, serenidade ou intranqüilidade, apreensão ou despreocupação. Assim, um afago sem uma palavra é meio afago, um aperto de mãos sem uma palavra é meio aperto de mãos, um abraço sem uma palavra são dois corpos unidos sem razão. Até mesmo um aceno ofensivo sem uma palavra é meio insulto abusivo. Acredite, a definição mais sensata existente no dicionário para o termo palavra é manifestação. Quem manifesta exprimi sentimentos bons ou ruins. Portanto, se o homem tivesse consciência do poder das palavras ele falaria mais de amor e menos de ódio, falaria mais de paz e menos de guerra, assim, seria muito melhor de viver no planeta Terra.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Comunicação é tudo


Meu primeiro projeto em 2010... pessoal... é compartilhar meus conhecimentos e aprender com outros de uma forma amigável e divertida. Essa é a proposta deste meu primeiro blog. Espero que esta iniciativa me permita interagir mais com as pessoas da rede, oriundas de tantos lugares e culturas.

Um brinde a todos vocês que muito antes de mim, se aventuraram nessa trajetória chamada mídia social! Espero ser aceito e vou fazer o que estiver ao meu alcance para obter sucesso nessa empreitada... Feliz 2010 para todos nós!

HÁBITOS – UM MECANISMO NEURAL E PSICOLÓGICO COMPLEXO E DIFÍCIL DE MUDAR

HÁBITO – UM MECANISMO NEURAL COMPLEXO DE MUDAR by Heitor Jorge Lau             É uma verdade quase inquestionável que, em algum moment...