Por Heitor Jorge Lau
Ninguém é a favor da pobreza, assim como ninguém é a favor da corrupção, HIV ou maus-tratos desferidos à criancinhas indefesas por babás enlouquecidas. Se ninguém é a favor, por que então existe pobreza no Brasil? A realidade é clara: vivemos num país injusto e com um número crescente de pobres e desamparados. A pobreza é certamente a mais urgente questão com que nos deparamos neste início de mais um século.
Nunca houve, como agora, tanta inconformidade diante da pobreza. Claramente, à medida que aumenta o número de cidadãos com acesso a um padrão de vida decente, aumenta também a sensação de desconforto em relação aos que estão de fora deste cenário. Não fosse a demagogia explícita por trás dos reais interesses das promessas políticas, seria possível crer que o futuro da nação, estaria depositado justamente nas mãos daqueles que por obrigação, são responsáveis pelo desenvolvimento do bem-estar.
Levar em consideração promessas recheadas de pura politicagem serve apenas para alimentar a indústria da obtenção de votos, que é absolutamente estéril na hora de encontrar formas de reduzir a pobreza. Um bom exemplo são as propostas que prometem erradicar o problema em meros quatro anos. A pobreza, para infelicidade geral de muitos, não vai ser erradicada em curto espaço de tempo.
Sua origem não é recente, ela carrega consigo raízes históricas e profundas. Reduzi-la a níveis aceitáveis é uma obra de gerações e exige muita determinação, perseverança, direção e, sobretudo, capacidade profissional para não sucumbir à tentação de atalhos milagrosos e provisórios. Na maioria das vezes, políticas compensatórias, como as famosas cestas básicas, são muito boas para aliviar os efeitos da pobreza, mas ineficazes na solução do problema. Não que o exercício da filantropia deva definitivamente ser banido das práticas dos homens de boa vontade. Mas não é daí que sairá qualquer medida mais profunda.
Mas quais são as soluções corretas? Bem, aí entra em campo o interminável debate sobre os principais atores históricos de um filme que parece não ter fim e que deixa o Brasil longe de ter bons indicadores sociais. Escravidão, ausência de democracia, falta de partidos políticos sólidos, oligarquias nordestinas, e outras tantas, suficientes para preencher mais cem páginas neste texto. Incontáveis as causas motivadoras das mazelas nacionais, servem apenas para justificar o presente. Os fatos não podem nem devem servir, sob hipótese alguma, como repositório de culpas e culpados pela atual situação de miséria que assola determinadas castas sociais. É preciso se indignar com o que acontece no país. Não dá para se acostumar a viver em um país com tantos pobres e tanta concentração.
As políticas sociais devem ter uma orientação de médio e longo prazo e devem ser mantidas por diferentes governos, o que não ocorre na prática, na maioria das vezes. Perseverar é preciso. E ser perseverante significa ter paciência, porque se as políticas sociais corretas forem adotadas e cumpridas na íntegra, os resultados irão aparecer. Mas, inevitavelmente, isso leva tempo e não existe outra maneira a não ser esperar. Querer encurtar esse percurso com algum atalho milagreiro é a melhor forma de manter, para benefício de alguns, a pobreza de muitos.
Fontes de pesquisa: - http://jornalglobal.com.br/noticias.php?noticia=2803 – Índices de miséria no Brasil.
- http://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obte001.doc - As raízes da miséria no Brasil: da senzala à favela.
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