sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

BRASIL, TERRA QUE TUDO PRODUZ, NAÇÃO QUE NÃO RELUZ!

Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas










         
           As comunidades rurais vivem da terra. E terra, no Brasil, é o que não falta: 850 milhões de hectares configuram e delimitam as fronteiras do país. São, aproximadamente, oito milhões e meio de quilômetros quadrados. Se dividi-los entre todos os brasileiros, quase 194 milhões de habitantes, resultaria aproximadamente 4,38 hectares para cada um. No entanto, atualmente 80% da população brasileira vive na zona urbana. Este percentual de cidadãos não precisa da terra para trabalhar e gerar o seu sustento. Portanto, matematicamente sobram mais 17,53 hectares por brasileiro que vive no meio rural. De acordo com a metodologia tradicionalmente adotada nos censos demográficos, a noção de família está condicionada aos arranjos societários organizados no interior dos domicílios particulares. Em média, as famílias brasileiras rurais possuem 3,5 componentes. Teremos, então, 76 hectares por família. Desta forma, este grupo familiar poderia tranquilamente viver e produzir para vender neste espaço de terra.

            Todavia, apesar da vasta extensão territorial e da grande disponibilidade de terra, 14 milhões de cidadãos brasileiros passam fome! Então, eis a questão: se existe terra além de suficiente, por que tantos brasileiros ainda passam fome? Simples, porque as propriedades estão concentradas nas mãos de pouquíssimos donos. Porque o governo incentiva mais a agricultura de exportação do que a produção de alimentos para consumo da população. Porque grande parte dos trabalhadores rurais são bóias-frias, sujeitando-se a trabalhar como diaristas, nas épocas de plantio e de colheita, sem nenhuma garantia social, recebendo o que o dono da terra, a bel prazer, quer pagar. Porque muitos trabalham como meeiros e são enganados nas contas referentes à venda da produção.

            Isso sem contar aqueles que não possuem terra alguma. O Relatório sobre os Crimes do Latifúndio, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Centro de Direitos Humanos Evandro Lins e Silva e Instituto Carioca de Criminologia, informou que menos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares, controlando 50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários rurais detêm em torno de 46% de todas as terras.  Dos aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados como lavoura. O restante das terras estão ociosas ou subutilizadas. Segundo dados do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), há cerca de 100 milhões de hectares de terras ociosas e cerca de 4,8 milhões de famílias sem-terra no Brasil.

            Atualmente, as condições de vida no campo não são tão diferentes das condições de vida da cidade quanto eram no passado. Os meios de comunicação levam ao campo valores e costumes que antes eram da vida urbana. No entanto, o próprio trabalho na terra e a forma pela qual o trabalhador está ligado a ela – proprietário, posseiro, arrendatário, meeiro, bóia-fria, todos – estabelece diferenças em suas condições de vida. O bóia-fria e o assalariado rural parecem ser os que enfrentam condições mais precárias. Alimentação deficiente, casas de pau-a-pique, sem condições mínimas de higiene e saúde, falta de qualquer assistência médica e social, são comuns na vida desses trabalhadores.

            Além das condições materiais difíceis, as dificuldades também se manifestam em relação aos aspectos sociais da vida rural, principalmente se levarmos em consideração as comunidades mais afastadas. Estas comunidades, geralmente, enfrentam condições de isolamento parcial ou total do resto do país, dificuldades de transporte, de comunicação entre outras. Por outro lado, as relações em grande parte das comunidades rurais, pelo fato de serem estabelecidas sempre entre as mesmas pessoas que se conhecem e convivem, são relações pessoais e informais. Enfim, o governo federal infla os peitos e alega uma melhora considerável na qualidade de vida de todos os brasileiros. Será? Ou não sei fazer cálculo matemático ou tenho observado o cenário de outro país subdesenvolvido. Mas uma coisa é certa: alguém está, fundamentalmente, tentando enganar alguém ou querendo se enganar. Afinal, os números não fecham e a realidade parece ser bem outra. 

Brasil!!!!!

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