segunda-feira, 13 de maio de 2013

A VERTIGINOSA DECADÊNCIA DO FUNK

Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas


Navegando pelas postagens do YouTube em busca de conteúdos para pesquisas relacionadas a educação me deparei com um festival de horrores: clipes do ritmo Funk. Não consigo classificar a ordem do pior para o “menos pior” porque praticamente todos são horrendos. Mas lembro de um em especial. O de um garoto de aproximadamente 16 anos, encoberto por grossos cordões de ouro, reverenciando carros esportivos importados e iates, e como não poderia deixar de ser, rodeado de mulheres. Diga-se de passagem: submissas aos maus tratos verbais. A letra é digna de ser queimada em praça pública. Há quem diga e defenda que o Funk é digno de ser patrimônio cultural. Eis a maior piada (de mau gosto) do século. Pelo menos este que estão ouvindo por aí não! Originalmente, com um ritmo mais suave, o estilo musical nasceu como forma de contestação e tinha fortes raízes na idéia da resistência à marginalização da sociedade capitalista e racista, e ao processo de exclusão do mercado de trabalho que impossibilitava os jovens de ter completo acesso aos seus direitos. A expressão cultural tratava de movimentos de protesto. Em seguida, em meados dos anos 60, James Brown, principalmente, inovou. O ritmo ganhou uma batida mais pronunciada, pesada e também dançante. Façamos justiça: ainda existe muito artista bom, deste gênero musical, por aí. Mas, atualmente, o que predomina é esta “coisa” que se escuta por todos os cantos. Por outro lado, o incômodo que o Funk causa na sociedade tem absolutamente nada a ver com elitismos ou moralismos. O desgaste do Funk, por mais que a blindagem de simpatizantes performáticos tente evitar, se deve às próprias características deste gênero que é emanado dos carros que circulam (ou se arrastam) nas ruas da cidade. Nitidamente, o Funk tem limitações artísticas e musicais. Seus sucessos são repetitivos e seus intérpretes se diferem apenas como fetiches, mas artisticamente soam todos iguais. A demagógica tese de que o Funk é um ritmo social riquíssimo não se cumpre na prática e existe até uma piada: de rico o Funk só tem a fortuna de seus DJs e empresários. A mediocridade do próprio ritmo também é gritante. Péssimos vocalistas, sonoridade repetitiva e precária, tudo isso faz com que o ritmo não vá muito adiante à sua linguagem. Se o ritmo já se mostrava deplorável artística e culturalmente, ele tenta em vão sobreviver como cultura superior, ostentando uma reputação vanguardista bastante falsa, porque o Funk está associado a processos e valores de degradação social. Assim, o Funk  jamais conseguirá acompanhar as transformações sociais porque o ritmo aposta no mais explícito machismo que trata a mulher como um objeto sexual. A pedofilia, a criminalidade, a violência e as drogas também se tornaram valores associados ao Funk. Os próprios “funqueiros” abandonaram qualquer lição do Funk original, na sua insistente recusa ao uso de instrumentos musicais e outros recursos artísticos. Vendo as transformações dos valores sociais avançarem, o Funk mostra-se datado, ultrapassado e fechado em todos os sentidos. O Funk tenta aprisionar todos ao ritmo, transformando a população em refém. O Funk se desgasta profundamente na mesmice sonora do ritmo, por suas próprias limitações, pela sua mais evidente mediocridade e pelas baixarias em que se envolve. A choradeira ainda vai continuar, com seus defensores tentando dizer que o Funk não está decadente ou dizer que o Funk é mais uma vez vítima de preconceitos. Só que esse discurso também está sendo repetitivo e pouco convincente. Enfim, todo brasileiro que curte boa música merecia algo melhor, inclusive, os verdadeiros e autênticos artistas do Funk

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