Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas
Dia 14 de maio, 20h30, terça-feira: ao transitar
pela RSC 153, por imediações do trevo de acesso a Santa Maria, direção
sul-norte, uma bela visão não fosse o aspecto triste do evento: visualizo um
Gato do Mato Pintado atravessando a rodovia, correndo em direção a zona urbana.
Dia 10 de junho, 07h45, segunda-feira: transitando, mais uma vez pela RSC 153,
por imediações da estação de abastecimento de energia elétrica, uma visão
entristecedora: um Tatu-bola atropelado durante a tentativa de atravessar a
rodovia em direção a zona urbana. Dia 11 de junho, 18h35, terça-feira: ao
cruzar o semáforo do entroncamento perto da Corporação de Bombeiros do Distrito
Industrial, uma cena impressionante: um Graxaim (muitos confundem com raposa)
correndo em direção, outra vez, a zona urbana. Não fosse um hábito eu dirigir
sempre em velocidade compatível com a segurança e tempo de reação o teria
atropelado. Três momentos inéditos, surpreendentes e assustadores. Inéditos
porque tais espécies são encontradas somente no seu habitat natural, longe da
zona urbana. Surpreendente porque não se espera tal acontecimento. Assustador
porque pairam algumas questões que não querem calar: o que estas espécies estão fazendo tão perto da cidade? O que está
acontecendo no seu habitat natural? O que o ser humano está fazendo com a nossa
natureza? As respostas, todos sabem! Mas é simplesmente triste e
desalentador relatar três casos, em espaço de tempo tão diminuto, provenientes
do abuso à natureza. A humanidade já catalogou, aproximadamente, 1,5 bilhões de
organismos, mas não é tudo: calcula-se que o número total de espécies, na
Terra, chegue a 10 bilhões ou até a 100 bilhões. Contudo, a cada ano, milhares
de espécies são exterminadas em proporções que podem alcançar 30% do total
dentro de três décadas, caso o ritmo atual de queimadas e desmatamentos
continue como está. Isso é catastrófico, afinal as espécies são o resultado de
milhões de anos de evolução no planeta, e com essa perda a biosfera vai ficando
mais empobrecida em diversidade biológica, o que é perigoso para o sistema de
vida como um todo. O fato de um recurso ser renovável ou reciclável não
significa que ele possa ser depredado ou inutilizado deliberadamente. O mau uso
ou descuido com a conservação provoca extinção. Como exemplo: a degradação ou
destruição irreversível de solos e o consequente desaparecimento de uma
vegetação rica e complexa e sua fauna. Mesmo o ar e a água, que são
extremamente abundantes, existem em quantidades limitadas no planeta. A capacidade
destes recursos de suportar ou absorver poluição sem afetar a existência da
vida, evidentemente é finita. Dessa forma, mesmo os recursos ditos renováveis
só podem ser utilizados em longo prazo por meio de métodos racionais, com uma
preocupação estritamente conservacionista, ou seja, que evite os desperdícios e
os abusos. O conservacionismo é necessário, todavia insuficiente. A
industrialização e a dita vida moderna transformam e transfiguram drasticamente
o meio ambiente. Tudo, absolutamente tudo, é constantemente modificado,
destruído e extinto em nome do “progresso”. As memórias do passado, o
ecossistema e a diversidade criada pela natureza são destruídas a cada dia. Definitivamente,
para que as futuras gerações tenham uma idéia da riqueza do que foi produzido
no planeta, ou na pior das hipóteses, para que ela mesma sobreviva, faz-se
necessário uma mudança radical de conceitos e atitudes, em detrimento da
ambição do lucro e da irracionalidade