Mestrando em Educação
PALAVRAS-CHAVE: Stakeholders; moral da parcialidade; moral do oportunismo; moral da parceria; moral da integridade.
Onde resido há quatro anos, 5% da mata nativa existente nos morros que circundam a região já eram. O cálculo é meio amador, então, pode ser um pouco maior o índice. Motivo: pessoas que não se importam, inconseqüentes, irresponsáveis e ignorantes, estão cortando todo tipo de árvore com a intenção de queimar no fogão à lenha ou transformar o local numa “lavoura vertical”. E cá entre nós, qual a planta que se desenvolve satisfatoriamente na encosta de um morro. Isto sem pensar nos reflexos da inexistência da vegetação de cobertura que segura a erosão natural das enxurradas. Este pequeno cenário macabro é mínimo perto do que estão fazendo com a Mata Atlântica e a Amazônia. Mas, isto já é assunto e estresse para outro dia. Neste momento fico até onde minhas vistas alcançam. O som de uma moto serra me provoca arrepios e acessos de raiva porque eu sei que alguém, em algum lugar próximo, está fazendo uma barbaridade – cortando árvores irracionalmente. Três meses atrás subi um cerro perto de minha propriedade para verificar se estava tudo bem. Surpresa! Uma área de árvores nativas de mais ou menos 30 m x 30 m havia sumido do mapa. Onde foi parar? Empilhado num galpão, cortadinha em pequenos tocos de lenha para o fogão. Mas quem se importa com isso? Eu, a fauna e a flora. Uma moto serra nas mãos de gente desta natureza pode ser considerada uma arma. E arma, todos sabem, só pode ser usada com autorização. Está aí , algo para refletir: arma de fogo precisa de licença, para dirigir um carro é preciso de licença, construir precisa de licença... etc. etc. etc., mas para acabar com o Planeta não precisa. Ah, dizem alguns experts: - Determinados tipos de árvores não podem ser derrubadas sem permissão de órgão competente. Quem dá poder ao ser humano para decidir quem vive ou quem morre na fauna e flora?? Pois é, a questão continua a mesma e sem solução aparente. As reações da natureza continuam sinalizando que a coisa está ficando “preta”, mas ninguém quer “ouvir”. Sempre foi dito que deveríamos preservar o Planeta para nossos filhos e netos. Mas, acho que devíamos pensar em como educar os filhos e netos para deixar neste Planeta.
Nunca houve, como agora, tanta inconformidade diante da pobreza. Claramente, à medida que aumenta o número de cidadãos com acesso a um padrão de vida decente, aumenta também a sensação de desconforto em relação aos que estão de fora deste cenário. Não fosse a demagogia explícita por trás dos reais interesses das promessas políticas, seria possível crer que o futuro da nação, estaria depositado justamente nas mãos daqueles que por obrigação, são responsáveis pelo desenvolvimento do bem-estar.
- http://jornalglobal.com.br/noticias.php?noticia=2803 – Índices de miséria no Brasil.
- http://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obte001.doc - As raízes da miséria no Brasil: da senzala à favela.
Texto extraído da Revista Educação & Psicologia e adaptado.
Título original: Alguns equívocos sobre o sujeito da educação
Por Lisandre Castello Branco
Vejo praticamente todos os dias alguns dos meus professores do segundo grau, ou melhor MESTRES. Percebo no semblante de cada um deles uma expressão de gente sábia, orgulhosa da profissão, sob minha ótica, a mais honrada e digna desde os primórdios da humanidade. Um professor particularmente me chama muito a atenção, por seu jeito falante, rosto erguido, fala firme e alta, como nos tempos da sala de aula (e faz tempo isto). Este cidadão é detentor de uma vantagem intelectual e cultural de dar inveja - no bom sentido é claro. Cursei o segundo grau em tempos memoráveis. Imaginem vocês que na grade curricular haviam as seguintes disciplinas: Estatística e Custos; Direito; Filosofia; Técnicas Comerciais; entre outras. Citei estas que mais marcaram por sua relevância. De fato, aquela escola preparava o aluno para encarar o mundo do trabalho. Saudades daqueles tempos. Mas e hoje, o que está havendo com o ensino?
"Entre a chamada escola tradicional e a família tradicional o que podia ser facilmente observado era o estrito paralelismo existente entre ambas as instituições. Tal paralelismo ficava evidente nos modos pelos quais eram disciplinadoras, autoritárias e exerciam seus papéis e funções de modo preestabelecido. Tudo isto com uma linguagem educativa e valores pedagógicos comuns que estabeleciam entre elas um continuum de tal maneira que advertências verbais e escritas e suspensões escolares eram prontamente ratificadas pela família, quando não acrescidas de algum castigo adicional em casa. A figura do professor exigente, disciplinador implacável, do diretor que assumia suas funções com mãos de ferro, ultrapassava os muros da escola e, de certo modo, acabava fazendo parte da família como alguém a ser temido e também valorizado. Obviamente que essas referências não são descrições generalizáveis para todas as escolas e famílias, apenas correspondem ao imaginário do que é ainda referido como “escola pública de qualidade” e “família organizada”. Também a família mudou. Aquela família composta por pai, mãe e seus respectivos filhos foi, a partir da revolução cultural deflagrada pelo advento da pílula e da luta das mulheres pelo direito à igualdade de condições, então prerrogativas dos homens, sofrendo um processo de mudança acelerada e tornou-se, então, a “nova família”, cujo padrão tradicional foi substituído pelas mais diferentes modalidades de composição. Com essas mudanças, o ideário da educação familiar, antes calcado nas tradições familiares, foi substituído. Antes, as preocupações estavam centradas na educação moral e social. Exigiam-se obediência, respeito, cumprimento dos deveres e obrigações, principalmente os referentes à escola. Com a “nova família” surgiram as primeiras contestações à escola e aos seus professores. Tudo coincidindo com a democratização da educação. Como se percebe, a situação do sistema educacional ficou, de um dia para o outro, simplesmente irreconhecível. A partir das contestações da “nova família” aos professores, aos conteúdos de ensino, aos procedimentos de avaliação, às relações de seus filhos com os professores, é que pudemos observar uma extraordinária mudança no cenário do cotidiano escolar. O que antes, na escola tradicional, era tratado sob a epígrafe de questões disciplinares, portanto sujeito apenas a procedimentos repressivos passou, muito rapidamente, a ser enfrentado com a convocação da participação dos “especialistas“. Psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas, além dos já conhecidos professores particulares, foram muito rapidamente integrados à participação no cotidiano escolar. E, de acordo com os novos paradigmas da ciência positiva – neurociência -, surgiram novos “diagnósticos” para os chamados problemas de aprendizado. Dislexia, distúrbios de atenção, problemas de concentração e outros foram, então, identificados e “tratados”. Não só com atendimento clínico-pedagógico, mas também com medicamentos. O professor passou a conviver, não apenas com esses novos personagens da vida escolar, mas também com anfetaminas para alunos “hiperativos”, coadjuvantes dos “materiais escolares”. Bem, pelo exposto até então, resta um questionamento: quem é, afinal, o sujeito da educação? Por mais extensos e padronizados sejam as grade curriculares e os programas de ensino e, ainda, por mais que os professores mais bem preparados ministrem seus cursos, isso não garante o que preconiza a legislação: formação integral e plena dos alunos. Além disso, é preciso reafirmar, lembrando os ensinamentos de Piaget e Freud, que é somente pela resposta do aluno que é possível verificar se ele aprendeu ou não e, principalmente, como aprendeu. A proposta da substituição do “fracasso escolar” pelo “fracasso da escola” apenas encontra o nome do algoz: o professor. Porque a escola ainda que seja reconhecida como uma das instituições fundantes da inserção do sujeito no mundo só é capaz de realizar tal operação pela mediação do professor, que se encarna em escola na relação com o aluno. Contudo, fazer do professor o algoz é ignorar que ele é tão vítima quanto o aluno. Aquele velho professor da antiga escola tradicional gozava de prestígio social, era digno de respeito e admiração e, ainda por cima, ganhava dinheiro suficiente para manter-se e prover sua família com dignidade. Assim, o professor, que ao longo dos últimos anos, teve que enfrentar os desafios de deparar-se com uma nova clientela escolar sem ter tido um mínimo de preparação prévia vem, a cada dia, sendo obrigado a assumir também as conseqüências da “nova família”. Esse fenômeno o atinge em duas frentes: a profissional e a pessoal, pois, além de não ser respeitado em sala de aula, também não experimenta nenhum orgulho ao se declarar professor, porque nada sobrou do prestígio que coroava a profissão. E o salário, em que pesem as jornadas extenuantes, faz “sobrar cada vez mais mês no fim do dinheiro”, como diz Millôr Fernandes".
Pessimismo ou não, basta resgatar a teoria da evolução de Charles Darwin que afirma que os seres humanos compartilham uma descendência comum com os mais primitivos dos animais. Esta herança aplica-se tanto ao cérebro humano, o berço da razão e da sensação, quanto a qualquer outra parte de nossa estrutura física e psicológica. Mas como estamos analisando comportamento ignoremos do “pescoço para baixo”.
A ciência comprovou a existência de duas partes importantes do nosso cérebro: o paleocórtex e neocórtex. O paleocórtex ou sistema límbico, é uma estrutura cerebral que se desenvolveu posteriormente e que governa a expressão das emoções. O neocórtex ou massa cinzenta é que distingue o homem dos outros animais. É justamente o neocórtex que permite o raciocínio lógico, o uso da linguagem complexa e a quebra das barreiras da evolução biológica.
O homem herda algo mais do que genes, ele herda também as culturas complexas que ele mesmo cria. Naturalmente, existe um certo grau de intercomunicação entre as duas partes, mesmo assim todas elas têm suas funções separadas e nenhuma tentativa de explicar a natureza humana pode ser bem-sucedida se não levarmos em conta essas diferenças.
O desenvolvimento do neocórtex tornou possíveis as funções inter-relacionadas do raciocínio e da linguagem, mas como derivam de uma estrutura posterior, separada, o raciocínio e a linguagem têm pouco poder sobre o sistema límbico do paleocórtex e as emoções que ele governa. Esta pode ser a causa mais provável de nosso elenco desesperado ter migrado do imaginário moral e eticamente correto para um mundo onde a luta pela sobrevivência é mister. (Por isso que ainda somos meio símios em determinados aspectos da vida).
Questões como: Somente situações extremas fazem aflorar nossos instintos mais primitivos? - ou - Será que somos selvagens em nosso cotidiano de forma institucionalizada? Resta refletir sobre estas e outras tantas situações que assolam nosso desenvolvimento social. Quem sabe um dia as pessoas passem de candidatos à categoria efetiva de seres humanos, na verdadeira concepção da palavra.
HÁBITO – UM MECANISMO NEURAL COMPLEXO DE MUDAR by Heitor Jorge Lau É uma verdade quase inquestionável que, em algum moment...