sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MORAL EMPRESARIAL


Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
Mestrando em Educação




PALAVRAS-CHAVE:
Stakeholders; moral da parcialidade; moral do oportunismo; moral da parceria; moral da integridade.

A competitividade mercadológica, cada vez mais acentuada, obriga as empresas a considerarem os diferentes interesses dos stakeholders com enorme atenção. Isto porque eles possuem mais condições de fiscalizarem e cobrarem ações, produtos e serviços idôneos do que anos atrás. Mas este poder de mobilização pode estar ameaçado por um contexto gerado pelo mercado globalizado: a convergência de capital a partir da fusão de organizações. Isto acarreta uma espécie de imposição de preços no mercado, suprimindo ou criando óbices à livre concorrência. Conseqüentemente, ocasiona a diminuição da influência dos stakeholders. Daí surgem dois tipos de formadores de opinião: um com cacife e outro com pouco ou nenhum. Diante desta distinção o empresariado adota uma postura seletiva – usufrui conforme conveniência - denominada de moral da parcialidade. Trata-se de atitude considerada lícita, porém, falsa e destituída de pudor. Esta postura advém do compromisso dúbio entre interesse particular e a vantagem nas relações não-particularistas. A moral da parcialidade compõe outra moral: a moral da oportunidade, considerada prestativa e antiética. Prestativa porque prega e faz acreditar que as ações objetivam sempre o bem do próximo. Em contrapartida, antiética, uma vez que o fim justifica os meios – seja qual for. A moral que se contrapõe - as anteriormente citadas - é a moral da integridade. É rigorosa e decorrente da ética da convicção e da responsabilidade. Empresas que optam por ela podem ser consideradas idôneas. Há um tipo de moral empresarial que visa sempre beneficiar ambas as partes de qualquer compromisso: a moral da parceria, cujos benefícios são prospectados para médio e longo prazo. Neste emaranhado de normas empresariais o país é conduzido, ora por práticas antiéticas delineadas pelas morais oportunistas e da parcialidade, ora pela moral da parceria, modelada pela ética da responsabilidade.

As moral empresarial é um verdadeiro cipoal. Talvez, por esta razão, o empresariado transmita a idéia de total ignorância sobre as modalidades existentes e sua significação individual. Pelo exposto, algumas empresas parecem não ter adotado a moral da integridade como norma de conduta. Mas é oportuno ressaltar que por trás do cidadão pessoa-jurídica existe o cidadão pessoa-física. A postura adotada pelo primeiro é reflexo das atitudes do segundo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO NO BRASIL

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Mestrando em Educação

Nossa linda pátria amada ainda terá que correr muito para alcançar bons índices no ranking da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Somos a nação com um dos piores desempenhos dentre os 65 países que participam da prova da OCDE, na qual são avaliados conhecimentos de leitura, ciências e matemática. Tal resultado é proveninente de uma série de fatores que são, em parte, negligenciados pela sociedade brasileira. Um deles é o descomprometimento com o formato do ensino praticado. Atualmente, grande parte do que se aprende perde validade em questão de menos de meia década. A função do sistema de educação é ENSINAR A APRENDER, ponto!. Mas, as instituições educacionais insistem em ensinar somente conteúdos prontos, com respostas prontas, com caminhos pré-determinados. Muito daquilo que se transmite ao discente não instiga o pensamento lógico, a prática do questionar, não desperta a consciência crítica e ávida por conhecimento. Um país como o nosso, com quase 195 milhões de habitantes, não deveria figurar em estatísticas tão deprimentes. Na Coréia do sul , com 49 milhões de habitantes (300% a menos), o grau de exigência de um futuro acadêmico é tão acentuada que, dos 600 mil alunos que prestaram vestibular, 120 mil optaram por estudar mais e tentar uma vaga numa universidade mais renomada., no próximo ano. Mas, a dedicação não se resume apenas ao acadêmico. A sociedade se mobiliza em massa para que seus estudantes prestem o vestibular com máxima tranquilidade. Lá, o processo é unificado, em meados de novembro. As igrejas e os templos ficam recheados de mães mergulhadas em orações em prol de uma gloriosa aprovação. A Bolsa de Valores retarda o começo da jornada de trabalho em pelo menos uma hora a fim de evitar congestionamentos no trânsito. O ápice da dedicação percebe-se na hora em que os atrasadinhos (lá também existem, rss) são escoltados por policiais até o destino. Ano passado, durante a prova oral de língua inglesa, até os aviões foram impedidos de decolar e aterrisar para evitar comprometimento da compreensão do idioma estrangeiro. Estas são algumas das "pequenas" diferenças que fazem da Coréia uma fábrica de gênios. Aqui a realidade é completamente diferente e o que vale é ser aprovado, seja onde for, estudar o mínimo possível, e sair com o canudo na mão sem muito esforço. É por isto que o diploma muitas vezes fica empoeirado na moldura da sala ou guardadinho numa gaveta da cômoda do quarto. Como disse uma professora muito sábia da época em que graduei: - Entrar aqui é fácil. Difícil, é sair daqui com conhecimento adquirido.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

DESABAFO DE UM HOMEM PRESERVACIONISTA II

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas e Empresário

Onde resido há quatro anos, 5% da mata nativa existente nos morros que circundam a região já eram. O cálculo é meio amador, então, pode ser um pouco maior o índice. Motivo: pessoas que não se importam, inconseqüentes, irresponsáveis e ignorantes, estão cortando todo tipo de árvore com a intenção de queimar no fogão à lenha ou transformar o local numa “lavoura vertical”. E cá entre nós, qual a planta que se desenvolve satisfatoriamente na encosta de um morro. Isto sem pensar nos reflexos da inexistência da vegetação de cobertura que segura a erosão natural das enxurradas. Este pequeno cenário macabro é mínimo perto do que estão fazendo com a Mata Atlântica e a Amazônia. Mas, isto já é assunto e estresse para outro dia. Neste momento fico até onde minhas vistas alcançam. O som de uma moto serra me provoca arrepios e acessos de raiva porque eu sei que alguém, em algum lugar próximo, está fazendo uma barbaridade – cortando árvores irracionalmente. Três meses atrás subi um cerro perto de minha propriedade para verificar se estava tudo bem. Surpresa! Uma área de árvores nativas de mais ou menos 30 m x 30 m havia sumido do mapa. Onde foi parar? Empilhado num galpão, cortadinha em pequenos tocos de lenha para o fogão. Mas quem se importa com isso? Eu, a fauna e a flora. Uma moto serra nas mãos de gente desta natureza pode ser considerada uma arma. E arma, todos sabem, só pode ser usada com autorização. Está aí , algo para refletir: arma de fogo precisa de licença, para dirigir um carro é preciso de licença, construir precisa de licença... etc. etc. etc., mas para acabar com o Planeta não precisa. Ah, dizem alguns experts: - Determinados tipos de árvores não podem ser derrubadas sem permissão de órgão competente. Quem dá poder ao ser humano para decidir quem vive ou quem morre na fauna e flora?? Pois é, a questão continua a mesma e sem solução aparente. As reações da natureza continuam sinalizando que a coisa está ficando “preta”, mas ninguém quer “ouvir”. Sempre foi dito que deveríamos preservar o Planeta para nossos filhos e netos. Mas, acho que devíamos pensar em como educar os filhos e netos para deixar neste Planeta.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não é preciso ser um São Francisco para ser contra a pobreza

Por Heitor Jorge Lau

Ninguém é a favor da pobreza, assim como ninguém é a favor da corrupção, HIV ou maus-tratos desferidos à criancinhas indefesas por babás enlouquecidas. Se ninguém é a favor, por que então existe pobreza no Brasil? A realidade é clara: vivemos num país injusto e com um número crescente de pobres e desamparados. A pobreza é certamente a mais urgente questão com que nos deparamos neste início de mais um século.

Nunca houve, como agora, tanta inconformidade diante da pobreza. Claramente, à medida que aumenta o número de cidadãos com acesso a um padrão de vida decente, aumenta também a sensação de desconforto em relação aos que estão de fora deste cenário. Não fosse a demagogia explícita por trás dos reais interesses das promessas políticas, seria possível crer que o futuro da nação, estaria depositado justamente nas mãos daqueles que por obrigação, são responsáveis pelo desenvolvimento do bem-estar.

Levar em consideração promessas recheadas de pura politicagem serve apenas para alimentar a indústria da obtenção de votos, que é absolutamente estéril na hora de encontrar formas de reduzir a pobreza. Um bom exemplo são as propostas que prometem erradicar o problema em meros quatro anos. A pobreza, para infelicidade geral de muitos, não vai ser erradicada em curto espaço de tempo.

Sua origem não é recente, ela carrega consigo raízes históricas e profundas. Reduzi-la a níveis aceitáveis é uma obra de gerações e exige muita determinação, perseverança, direção e, sobretudo, capacidade profissional para não sucumbir à tentação de atalhos milagrosos e provisórios. Na maioria das vezes, políticas compensatórias, como as famosas cestas básicas, são muito boas para aliviar os efeitos da pobreza, mas ineficazes na solução do problema. Não que o exercício da filantropia deva definitivamente ser banido das práticas dos homens de boa vontade. Mas não é daí que sairá qualquer medida mais profunda.

Mas quais são as soluções corretas? Bem, aí entra em campo o interminável debate sobre os principais atores históricos de um filme que parece não ter fim e que deixa o Brasil longe de ter bons indicadores sociais. Escravidão, ausência de democracia, falta de partidos políticos sólidos, oligarquias nordestinas, e outras tantas, suficientes para preencher mais cem páginas neste texto. Incontáveis as causas motivadoras das mazelas nacionais, servem apenas para justificar o presente. Os fatos não podem nem devem servir, sob hipótese alguma, como repositório de culpas e culpados pela atual situação de miséria que assola determinadas castas sociais. É preciso se indignar com o que acontece no país. Não dá para se acostumar a viver em um país com tantos pobres e tanta concentração.

As políticas sociais devem ter uma orientação de médio e longo prazo e devem ser mantidas por diferentes governos, o que não ocorre na prática, na maioria das vezes.
Perseverar é preciso. E ser perseverante significa ter paciência, porque se as políticas sociais corretas forem adotadas e cumpridas na íntegra, os resultados irão aparecer. Mas, inevitavelmente, isso leva tempo e não existe outra maneira a não ser esperar. Querer encurtar esse percurso com algum atalho milagreiro é a melhor forma de manter, para benefício de alguns, a pobreza de muitos.


Fontes de pesquisa:

- http://jornalglobal.com.br/noticias.php?noticia=2803 – Índices de miséria no Brasil.

- http://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obte001.doc - As raízes da miséria no Brasil: da senzala à favela.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DIFÍCEIS

Por Heitor Jorge Lau

Texto extraído da Revista Educação & Psicologia e adaptado.

Título original: Alguns equívocos sobre o sujeito da educação

Por Lisandre Castello Branco

Vejo praticamente todos os dias alguns dos meus professores do segundo grau, ou melhor MESTRES. Percebo no semblante de cada um deles uma expressão de gente sábia, orgulhosa da profissão, sob minha ótica, a mais honrada e digna desde os primórdios da humanidade. Um professor particularmente me chama muito a atenção, por seu jeito falante, rosto erguido, fala firme e alta, como nos tempos da sala de aula (e faz tempo isto). Este cidadão é detentor de uma vantagem intelectual e cultural de dar inveja - no bom sentido é claro. Cursei o segundo grau em tempos memoráveis. Imaginem vocês que na grade curricular haviam as seguintes disciplinas: Estatística e Custos; Direito; Filosofia; Técnicas Comerciais; entre outras. Citei estas que mais marcaram por sua relevância. De fato, aquela escola preparava o aluno para encarar o mundo do trabalho. Saudades daqueles tempos. Mas e hoje, o que está havendo com o ensino?

"Entre a chamada escola tradicional e a família tradicional o que podia ser facilmente observado era o estrito paralelismo existente entre ambas as instituições. Tal paralelismo ficava evidente nos modos pelos quais eram disciplinadoras, autoritárias e exerciam seus papéis e funções de modo preestabelecido. Tudo isto com uma linguagem educativa e valores pedagógicos comuns que estabeleciam entre elas um continuum de tal maneira que advertências verbais e escritas e suspensões escolares eram prontamente ratificadas pela família, quando não acrescidas de algum castigo adicional em casa. A figura do professor exigente, disciplinador implacável, do diretor que assumia suas funções com mãos de ferro, ultrapassava os muros da escola e, de certo modo, acabava fazendo parte da família como alguém a ser temido e também valorizado. Obviamente que essas referências não são descrições generalizáveis para todas as escolas e famílias, apenas correspondem ao imaginário do que é ainda referido como “escola pública de qualidade” e “família organizada”. Também a família mudou. Aquela família composta por pai, mãe e seus respectivos filhos foi, a partir da revolução cultural deflagrada pelo advento da pílula e da luta das mulheres pelo direito à igualdade de condições, então prerrogativas dos homens, sofrendo um processo de mudança acelerada e tornou-se, então, a “nova família”, cujo padrão tradicional foi substituído pelas mais diferentes modalidades de composição. Com essas mudanças, o ideário da educação familiar, antes calcado nas tradições familiares, foi substituído. Antes, as preocupações estavam centradas na educação moral e social. Exigiam-se obediência, respeito, cumprimento dos deveres e obrigações, principalmente os referentes à escola. Com a “nova família” surgiram as primeiras contestações à escola e aos seus professores. Tudo coincidindo com a democratização da educação. Como se percebe, a situação do sistema educacional ficou, de um dia para o outro, simplesmente irreconhecível. A partir das contestações da “nova família” aos professores, aos conteúdos de ensino, aos procedimentos de avaliação, às relações de seus filhos com os professores, é que pudemos observar uma extraordinária mudança no cenário do cotidiano escolar. O que antes, na escola tradicional, era tratado sob a epígrafe de questões disciplinares, portanto sujeito apenas a procedimentos repressivos passou, muito rapidamente, a ser enfrentado com a convocação da participação dos “especialistas“. Psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas, além dos já conhecidos professores particulares, foram muito rapidamente integrados à participação no cotidiano escolar. E, de acordo com os novos paradigmas da ciência positiva – neurociência -, surgiram novos “diagnósticos” para os chamados problemas de aprendizado. Dislexia, distúrbios de atenção, problemas de concentração e outros foram, então, identificados e “tratados”. Não só com atendimento clínico-pedagógico, mas também com medicamentos. O professor passou a conviver, não apenas com esses novos personagens da vida escolar, mas também com anfetaminas para alunos “hiperativos”, coadjuvantes dos “materiais escolares”. Bem, pelo exposto até então, resta um questionamento: quem é, afinal, o sujeito da educação? Por mais extensos e padronizados sejam as grade curriculares e os programas de ensino e, ainda, por mais que os professores mais bem preparados ministrem seus cursos, isso não garante o que preconiza a legislação: formação integral e plena dos alunos. Além disso, é preciso reafirmar, lembrando os ensinamentos de Piaget e Freud, que é somente pela resposta do aluno que é possível verificar se ele aprendeu ou não e, principalmente, como aprendeu. A proposta da substituição do “fracasso escolar” pelo “fracasso da escola” apenas encontra o nome do algoz: o professor. Porque a escola ainda que seja reconhecida como uma das instituições fundantes da inserção do sujeito no mundo só é capaz de realizar tal operação pela mediação do professor, que se encarna em escola na relação com o aluno. Contudo, fazer do professor o algoz é ignorar que ele é tão vítima quanto o aluno. Aquele velho professor da antiga escola tradicional gozava de prestígio social, era digno de respeito e admiração e, ainda por cima, ganhava dinheiro suficiente para manter-se e prover sua família com dignidade. Assim, o professor, que ao longo dos últimos anos, teve que enfrentar os desafios de deparar-se com uma nova clientela escolar sem ter tido um mínimo de preparação prévia vem, a cada dia, sendo obrigado a assumir também as conseqüências da “nova família”. Esse fenômeno o atinge em duas frentes: a profissional e a pessoal, pois, além de não ser respeitado em sala de aula, também não experimenta nenhum orgulho ao se declarar professor, porque nada sobrou do prestígio que coroava a profissão. E o salário, em que pesem as jornadas extenuantes, faz “sobrar cada vez mais mês no fim do dinheiro”, como diz Millôr Fernandes".

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O POVÃO E A ELITE - ELITE E O POVÃO

Por Heitor Jorge Lau

Parece que a sociedade brasileira acostumou-se com a idéia de inventar chavões do povão e da elite. Povão, sinônimo de gente íntegra acima de qualquer suspeita. Em compensação, a elite é associada à imoralidade, gente sem valor que não merece confiança. O povão também é denominado como gente imunda e grosseira, aquela fração da população que não tem jeito mesmo. A elite por sua vez, detentora de natureza livre de impurezas e de educação exemplar, digna de usufruir as coisas boas da vida.

É mister reconhecer que, tanto o povão quanto a elite, possuem suas particularidades boas e ruins e, qualquer tentativa de discriminação não passa de pura frivolidade.

Tudo não passa de um jogo de palavras muitas vezes mal-intencionado.

terça-feira, 12 de julho de 2011

SOCIEDADE NARCISISTA


Por Heitor Jorge Lau

Pela imensa janela do local que trabalho, pelas vias que transito todos os dias, pelas palavras (muitas ofensivas) que escuto pairar no ar, vejo algo perturbador: a crescente insanidade mental que se prolifera na sociedade, com uma velocidade de preocupar. Acredito que o mundo, pelo menos este que eu convivo, está doente. Recheados por narcisistas. Tudo bem, não vamos generalizar, mas a maioria está com a antena parabólica desajustada. O narcisismo descreve uma condição puramente psicológica e uma condição singularmente cultural. Em nível individual, denota uma perturbação da personalidade delineada por um investimento extremamente exagerado na imagem da própria pessoa à custa do self. Todo narcisista está mais preocupado com o modo como se apresenta do que como se sente. Negam toda espécie de sentimento que contradiga a imagem que desesperadamente procuram apresentar. Agem sem sentimento, tendem a ser sedutores e ardilosos, empenham-se na obtenção de poder e de controle. Acabam por se tornarem egoístas, concentrados somente em seus próprios interesses, ignorando e carecendo, nitidamente, de autoexpressão, serenidade, dignidade e integridade.

Esta gente que está por aí, jogando toda espécie de lixo nas ruas (pasmem, no mesmo local que retornarão em seguida), que desrespeitam as regras de trânsito, que baixam os quatro vidros do carrão para que todos ouçam o super-som instalado (pior, a música mais brega e rançosa existente), que desejam ganhar a atenção com músculos e curvas constituídas a partir de horas de academia, plástica e outras químicas, enfim, etc etc etc... vivem a vida como algo vazio e destituído de significado. São zumbis desmunidos de valores humanos - ausência total de interesse pelo meio ambiente, pela qualidade de vida, pelos seres humanos seus semelhantes. Uma sociedade que sacrifica sem dó o meio ambiente em nome do lucro e do poder, seja qual for, revela sua insensibilidade em face das necessidades humanas. A proliferação de coisas materiais converte-se em medida de progresso de vida, e assim, o homem é oposto à mulher, o trabalhador ao empregador, o indivíduo à comunidade. Quando a ignorância ocupa posição mais elevada do que a sabedoria, quando a notoriedade é mais admirada do que a dignidade, quando o êxito é mais importante do que o respeito por si mesmo, a própria cultura supervaloriza a imagem e deve ser considerada narcisista.

Ternura, compaixão, solidariedade, respeito são palavras que fazem parte de um vocabulário que está quase sendo colocado no museu, afinal, neste local permanecem objetos que lembram aquilo que já foi e existiu um dia.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O LADO PRIMITIVO DO HUMANO

Por Heitor Jorge Lau

Bem, misturando o ambiente errado com a influência inadequada, teremos inevitavelmente, a receita da capacidade do homem de abandonar sua humanidade na medida em que ele funde sua personalidade única nas estruturas institucionais defeituosas. Talvez esse seja o defeito fatal com que a natureza nos dotou e que em longo prazo dá a nossa espécie apenas uma modesta chance de sobrevivência.

Pessimismo ou não, basta resgatar a teoria da evolução de Charles Darwin que afirma que os seres humanos compartilham uma descendência comum com os mais primitivos dos animais. Esta herança aplica-se tanto ao cérebro humano, o berço da razão e da sensação, quanto a qualquer outra parte de nossa estrutura física e psicológica. Mas como estamos analisando comportamento ignoremos do “pescoço para baixo”.

A ciência comprovou a existência de duas partes importantes do nosso cérebro: o paleocórtex e neocórtex. O paleocórtex ou sistema límbico, é uma estrutura cerebral que se desenvolveu posteriormente e que governa a expressão das emoções. O neocórtex ou massa cinzenta é que distingue o homem dos outros animais. É justamente o neocórtex que permite o raciocínio lógico, o uso da linguagem complexa e a quebra das barreiras da evolução biológica.

O homem herda algo mais do que genes, ele herda também as culturas complexas que ele mesmo cria. Naturalmente, existe um certo grau de intercomunicação entre as duas partes, mesmo assim todas elas têm suas funções separadas e nenhuma tentativa de explicar a natureza humana pode ser bem-sucedida se não levarmos em conta essas diferenças.

O desenvolvimento do neocórtex tornou possíveis as funções inter-relacionadas do raciocínio e da linguagem, mas como derivam de uma estrutura posterior, separada, o raciocínio e a linguagem têm pouco poder sobre o sistema límbico do paleocórtex e as emoções que ele governa. Esta pode ser a causa mais provável de nosso elenco desesperado ter migrado do imaginário moral e eticamente correto para um mundo onde a luta pela sobrevivência é mister. (Por isso que ainda somos meio símios em determinados aspectos da vida).

Questões como: Somente situações extremas fazem aflorar nossos instintos mais primitivos? - ou - Será que somos selvagens em nosso cotidiano de forma institucionalizada? Resta refletir sobre estas e outras tantas situações que assolam nosso desenvolvimento social. Quem sabe um dia as pessoas passem de candidatos à categoria efetiva de seres humanos, na verdadeira concepção da palavra.

“Não existe arte mais difícil que a de viver. Porque para as demais artes e ciências há mestres por toda parte. Até os jovens acreditam haver aprendido essas artes de tal maneira que podem ensiná-las a outros: durante a vida inteira a criatura tem que continuar aprendendo a viver e, coisa que surpreenderá ainda mais, tem , durante a vida inteira, que aprender a morrer.”

Sênega

HÁBITOS – UM MECANISMO NEURAL E PSICOLÓGICO COMPLEXO E DIFÍCIL DE MUDAR

HÁBITO – UM MECANISMO NEURAL COMPLEXO DE MUDAR by Heitor Jorge Lau             É uma verdade quase inquestionável que, em algum moment...