O JOIO E O TRIGO DA MENTE HUMANA – UMA PARÁBOLA
By Heitor Jorge Lau
Em uma vasta plantação, onde o trigo dourado balançava ao vento, prometendo uma colheita farta, um semeador diligente havia espalhado suas sementes com esmero. Cada grão representava uma esperança, um futuro de abundância e paz. As primeiras chuvas trouxeram o verde vibrante, e a plantação crescia, forte e uniforme. Mas, ao lado do trigo, sorrateiramente, brotou o joio. Não o joio de antes, aquele que se disfarçava, mas um joio novo, mais ardiloso. Este joio possuía uma beleza enganosa, suas folhas eram de um verde mais intenso, e em suas hastes, ao invés de grãos amargos, ele ostentava flores de cores vivas e exóticas. Muitos dos camponeses, ao passarem pela plantação, admiravam as flores do joio, sem perceberem que ele sugava a seiva da terra com avidez, enfraquecendo o trigo ao seu redor.
O senhor da terra, ao observar sua plantação, viu a beleza das flores do joio, mas também notou o trigo minguando em alguns pontos. Seus servos, preocupados, perguntaram: "Senhor, não semeaste boa semente em teu campo? Donde vem, então, este joio com flores tão atraentes?" E o senhor respondeu: "Enquanto dormíamos, e nos deixávamos encantar com as belezas efêmeras, o inimigo semeou este joio. Mas este joio não se parece com o antigo; ele não se esconde, ele se exibe. Suas flores atraem os olhos e desviam a atenção do trigo que realmente nutre."
"Devemos arrancá-lo?", perguntaram os servos, já com as mãos prontas para o trabalho. O senhor ponderou: "Não, para que, ao arrancar o joio, não arranqueis também o trigo. Este joio moderno não se confunde, ele se impõe. Se o arrancarmos agora, sua beleza vistosa causará um alvoroço, e o trigo, já fragilizado, pode se quebrar em meio à confusão." E continuou: "Deixemos que cresçam juntos até a colheita. Naquele tempo, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, cujas flores enganam, e amarrai-o em molhos para ser queimado, pois sua beleza é estéril e seu efeito, destrutivo. Mas o trigo, que resistiu e amadureceu em silêncio, recolhei-o no meu celeiro."
Assim, a parábola nos ensina que, na conjuntura atual, a humanidade é como essa plantação. Há o trigo, que representa a verdade, a cooperação, o amor e o cuidado com o planeta e com o próximo. E há o joio, que se manifesta em ideias e comportamentos sedutores, mas vazios: a busca incessante por poder e riqueza a qualquer custo, a ostentação superficial, a disseminação de informações falsas que cegam e dividem, e o individualismo que consome os recursos de todos. Este joio não se esconde; ele se veste de progresso e liberdade, mas enfraquece o tecido social e a própria essência humana. A distinção entre o que nutre e o que apenas brilha, mas consome, é o grande desafio de nossos tempos.
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